Respeito

Teologias Fora do Armário: livro aborda fé cristã e diversidade sexual

Publicação lançada nesta quinta-feira (29) reúne pensamentos teológicos que refletem sobre gênero e sexualidade

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A pesquisadora Regina Soares Jurkewicz durante lançamento do livro "Teologias Fora do Armário: Teologia, gênero e diversidade sexual”
A pesquisadora Regina Soares Jurkewicz durante lançamento do livro "Teologias Fora do Armário: Teologia, gênero e diversidade sexual” - Foto: Reprodução/ Católicas Pelo Direito de Decidir

Alvo de condenação pelo discurso hegemônico das instituições religiosas, a sexualidade é tema do livro “Teologias Fora do Armário: Teologia, gênero e diversidade sexual”, lançado nesta quinta-feira (29) pela organização de mulheres cristãs Católicas pelo Direto de Decidir. A data do lançamento marca o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica.

A obra apresenta pensamentos teológicos contra hegemônicos construídos em torno das questões de gênero e sexualidade, como explica Regina Soares Jurkewicz, doutora em Ciências da Religião (PUC-SP), integrante do grupo e organizadora da publicação. Ela falou sobre o livo nesta sexta-feira (29), em entrevista ao Programa Brasil de Fato.

“A ideia é trazer elementos reflexivos que vêm das próprias igrejas cristãs, sobretudo do catolicismo, que mostram que a sexualidade vivida de diferentes maneiras é algo positivo e querido por Deus. Quando a gente olha para os elementos da Bíblia, percebemos que essa condenação nem sempre existiu”, destaca.

Para exemplificar, Regina Jurkewicz cita uma passagem conhecida de Gênesis, o primeiro livro da Bíblia Cristã:

 —Deus fala que fez o homem e a mulher, que fez o ser humano, e viu que isso era bom. Não significa, necessariamente, que o bom é a heteronormatividade. Ele está dizendo que a sexualidade é uma coisa boa.

A pesquisadora também ressalta que a Igreja Católica tem avançado em alguns aspectos desde que o Papa Francisco assumiu o papado, em 2013, especialmente em questões de justiça social. No entanto, ela pontua que o tema da moral sexual ainda enfrenta a resistência da instituição, especialmente em tempos de ascensão do fundamentalismo religioso - termo usado para se referir à crença na interpretação literal dos livros sagrados.

“Infelizmente, hoje a gente está vivendo o chamado fundamentalismo, que é a ideia que você tira uma frase do texto, em geral condenatória e sobretudo relacionada à vivência da sexualidade, sem olhar o contexto. Então, não é o cristianismo que não tem elementos pra gente compreender as diferenças, a diversidade sexual, mas é a instituição religiosa”, afirma.

Os artigos presentes no livro também refletem sobre os impactos do discurso religioso predominante na violação dos direitos sexuais e reprodutivos, além de abordar sua contribuição para a legitimação da violência contra as mulheres.

Edição: Rodrigo Chagas