O consumo de alimentos com agrotóxicos é inseguro para a saúde humana na opinião de 78% dos brasileiros ouvidos pelo Instituto Datafolha em 4 e 5 de julho. Para 72% dos entrevistados, os alimentos produzidos no Brasil têm mais agrotóxicos do que deveriam. A preocupação é maior entre as mulheres: 81% delas acreditam que o consumo de produtos com agrotóxicos é inseguro para a saúde. Entre os homens, a taxa é de 75%. A porcentagem de mulheres que acham que há um excesso de agrotóxicos nos alimentos é de 74%, maior do que a de homens, que corresponde a 70%.
A crença de que os venenos agrícolas são inseguros ou são usados em quantidades maiores do que se deveria aumenta conforme o grau de escolaridade. Por outro lado, a preocupação diminui conforme a renda aumenta: 79% dos que ganham até dois salários mínimos dizem que agrotóxicos são muito inseguros. Entre os que ganham mais de 10 salários, essa taxa cai para 67%.
A desconfiança em relação aos agrotóxicos é maior em capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes. Nos dois casos, 74% acreditam que alimentos têm mais agrotóxicos do que deveriam. O índice cai para 69% nas cidades com menos de 50 mil habitantes. Nesta terça-feira (23), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo marco regulatório para avaliação e classificação toxicológica dos agrotóxicos. Na prática, essa medida vai mudar o que é informado nas embalagens dos agrotóxicos. Atualmente, as embalagens têm o símbolo da caveira com uma faixa vermelha, indicando o perigo, mas sem detalhar quais são riscos.
Com essa mudança, os rótulos de agrotóxicos vão ter seis tipos de classificação, indo de “extremamente tóxico” até “improvável de causar dano agudo”.
"As pessoas acreditam que apenas quem está aplicando o veneno nas lavouras está ameaçado. Esta é uma percepção errada porque não só os estudos estão demonstrando que boa parte dos venenos vão parar nos alimentos, mas também, e principalmente, porque tudo aquilo que você joga no campo vai parar na água. E as águas que chegam nas grandes cidades carregam resíduos destes venenos", explica Leonardo Melgarejo, que é engenheiro agrônomo e membro da campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida.
Segundo ele, quando se trata de veneno na água, "a análise de 27 (tipos de agrotóxico) como determina a Anvisa não cobre o conjunto de riscos".
Confira a íntegra da entrevista em áudio.
Edição: Katarine Flor