AMÉRICA LATINA

Um dia antes de tentativa de golpe, Brasil discutiu situação de Maduro nos EUA

Chanceler contou que governo brasileiro já havia sido informado por Guaidó de que setores militares iriam apoiá-lo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Araújo relatou que o governo Bolsonaro foi informado por Guaidó de que setores militares iriam lhe dar apoio
Araújo relatou que o governo Bolsonaro foi informado por Guaidó de que setores militares iriam lhe dar apoio - Foto: Sergio Lima/AFP

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, esteve em visita a Washington nesta segunda-feira (29) para discutir a situação da Venezuela com o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo. A visita do chanceler aos EUA foi divulgada apenas na agenda do Itamaraty, mas não foi anunciada pelo ministério, como de costume. 

Após o encontro com Pompeo, o ministro afirmou que “será fantástico” se os militares venezuelanos decidirem apoiar o autoproclamado presidente interino da Venezuela Juan Guaidó. 

"Nós achamos que a posição dos militares venezuelanos é um tema fundamental dentro da situação política da Venezuela e desde o começo do processo já mencionamos [...] a expectativa de que os militares venezuelanos, patrioticamente, manifestem sua adesão ao que nós consideramos o governo legítimo. Se isso acontecer será fantástico", afirmou o chanceler após o encontro com Pompeo.

Segundo informações do jornal O Globo, Araújo relatou que o governo Bolsonaro foi informado por Guaidó, também na segunda-feira, de que setores militares iriam supostamente dar apoio ao venezuelano. O jornal também diz que conversas entre o Brasil e fontes venezuelanas se intensificaram nas últimas semanas para caso houvessem novas movimentações no país caribenho. 

“A Venezuela é uma situação muito volátil, então é importante estar conversando permanentemente sobre isso. Há esse fato novo, a mobilização convocada para o 1º de maio, há expectativa sobre isso. Não mudou o central: o nosso compromisso pelo fim do regime Maduro”, afirmou Araújo em referência a marcha convocada por grupos de oposição ligados a Guaidó. 

O governo brasileiro também discutirá a situação da Venezuela internamente. O presidente Jair Bolsonaro anunciou que pretende se reunir nesta tarde com ministros de Estado e o vice-presidente Hamilton Mourão, no Palácio do Planalto, para tratar da conjuntura venezuelana.

Participarão da reunião o chanceler brasileiro, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e o chefe de Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. 

"EUA estão por trás da tentativa de golpe”

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, afirmou que os Estados Unidos estão financiando a tentativa de golpe na Venezuela.

Em entrevista à RT, o ministro afirmou que o governo estadunidense “faz uma demonstração de diplomacia, promovendo e financiando o golpe violento na Venezuela. A obsessão de Washington em controlar a riqueza do petróleo da Venezuela leva-os ao constrangimento. Eles subestimam a cidade de Simón Bolívar”. 

Quando questionado sobre quais seriam as medidas adotadas contra Guaidó, o ministro informou que “o Ministério Público abrirá uma averiguação contra o deputado”. 

Antes das 6h, Guaidó divulgou em sua conta no Twitter um vídeo em que aparece ao lado do ex-deputado Leopoldo López, condenado à prisão domiciliar por incitação à violência, supostamente liderando um levante militar na Base Aérea de La Carlota, em Caracas. Guaidó aparecia em frente a um pequeno grupo de soldados uniformizados, convocando simpatizantes e a “família militar” a “tomar definitivamente as ruas da Venezuela” e iniciar a “parte final da Operação Liberdade”.

O chefe do Ministério da Defesa, Vladimir Padrino, respondeu rapidamente, também através do Twitter, informando que a Força Armada Nacional Bolivariana “se mantém firme na defesa da Constituição Nacional e suas autoridades legítimas”. Padrino assegurou que todas as unidades militares do país se encontram controladas. 

Padrino também informou que as unidades militares nas oito regiões de Defesa integral do país estão em estado de “normalidade”.

Edição: Aline Carrijo