A Revista Fórum, um dos portais de mídia alternativa mais acessados do país, está sendo processada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), por conta da divulgação de uma conversa polêmica entre os dois pelo aplicativo Whatsapp durante sessão na Câmara dos Deputados em 2017. Para Renato Rovai, editor da Revista fórum, a ação é arbitrária e representa censura à imprensa.
"Esse processo do Bolsonaro é claramente uma tentativa de ameaça ao jornalismo independente, alternativo e livre", afirma o jornalista.
Na opinião de Paulo Zocchi, presidente do Sindicado dos Jornalistas do Estado de São Paulo, a atitude de Jair Bolsonaro mostra que ele se comporta como inimigo do exercício do jornalismo e do direito democrático à informação.
Alvos do processo
Os alvos do processo contra a Revista Fórum são o editor Renato Rovai e o fotógrafo Lula Marques, por uma matéria que foi ao ar no site do veículo no dia 8 de fevereiro de 2017. No conteúdo da conversa capturada pelas lentes do fotógrafo, Jair Bolsonaro cobrava a presença do filho na sessão e ainda o repreendia por alguma ação indevida. Na imagem, Jair Bolsonaro escreveu: “se a imprensa te descobrir aí e o que está fazendo, vão comer seu fígado e o meu. Retorne”.
A ação movida pelo presidente tem por objetivo uma indenização por “uso abusivo de imagem e violação de privacidade e conduta difamatória”. No entanto, na data posterior da publicação da matéria da Fórum, a revista Veja também veiculou conteúdo com a mesma imagem, mas não houve retaliação por parte da família Bolsonaro.
Interesse público
Segundo Zocchi, a atitude do fotógrafo está de acordo com o exercício da profissão de jornalista, já que a situação flagrada entre Jair Bolsonaro e o filho Eduardo ocorreu em local público. Além disso, o teor da conversa também indica interesse público.
"Eles processam o jornalista e a Revista Fórum, alegando que julgaram uma conversa privada. Não tem nada de privado nessa história, o Bolsonaro estava no plenário da Câmara dos Deputados, ele era um candidato à presidente da Câmara dos Deputados, o filho dele, com quem ele estava se comunicando, também é um deputado federal e deveria estar no plenário; não estava, sequer compareceu para votar no pai. E eles estavam tendo um diálogo sobre isso. Obviamente é uma comunicação de interesse público", explica o sindicalista.
Sem medo de cara feia
Renato Rovai antecipou que a ação movida contra ele e o fotógrafo não trará alteração à linha editorial da revista e que a tentativa do presidente de intimidar a livre comunicação, não surtirá efeito.
"Eles tentaram com isso, imaginavam que iam nos calar, ou seja, que iam fazer com que a gente ficasse amedrontado. Se deram mal, aqui a gente tem casca grossa, não temos medo de cara feia, não temos medo de fascista”, avisa.
Rovai pede a solidariedade aos movimentos sociais, neste momento político, que em sua avaliação gerará outros processos contra a liberdade de imprensa.
Edição: Cecília Figueiredo