Em 2017, 36,9% dos ingressantes da Universidade de São Paulo (USP) haviam cursado o ensino médio em escolas públicas e 19% se declaravam pretos, pardos ou indígenas. Nas universidades públicas federais, 44,8% do total de estudantes – não apenas ingressantes – são oriundos de escolas públicas, e 40% se declaram pretos ou pardos.
Os números demonstram que grandes centros de formação e produção intelectual continuam restritos à minoria da população brasileira, apesar das políticas de cotas e ações afirmativas.
Os cursinhos populares foram criados para ampliar e diversificar o acesso à universidade. São organizados pela comunidade acadêmica e destinados a receber jovens de baixa renda, geralmente oriundos de escolas da rede pública.
Jonatas Ferreira - ou Jeffinho, como é conhecido pelos amigos – tem 21 anos e hoje é aluno de engenharia elétrica na Escola Politécnica da USP. Por dois anos e meio após se formar no ensino médio, ele encarou duas horas de transporte público do extremo da Zona Norte da capital paulista até a Cidade Universitária, no Butantã, para chegar às aulas do Cursinho da Poli-USP, fundado em 2004 e mantido pelo Grêmio Politécnico, entidade representativa dos alunos do instituto.
“Eu saí da escola no final de 2014, e no primeiro semestre de 2015 fiquei estudando em casa, mas não tinha norte. Não sabia como estudar, o que estudar. Um dia eu fui em uma feira da Poli e ali conheci o cursinho”, conta ele. “Se não tivesse feito o cursinho, demoraria bem mais para entrar, ou teria largado a mão. Eles dão muito auxílio, você tem um tutor que vai te ajudando com os estudos. Você consegue ter um plano de estudos”.
Para ele, muita gente que precisa, ainda não sabe da existência dessa oportunidade: “Os cursinhos populares ficam muito no mesmo lugar, e a galera que realmente precisa não faz ideia que existe. Também por conta da distância, acaba atrapalhando a compra das passagens”. Apenas na USP, são nove cursinhos populares. Cinco deles ainda estão com inscrições abertas. Confira abaixo.
Cursinho da FEA
As inscrições para as turmas de sábado vão até quarta-feira (23). Há taxas de inscrição e matrícula, mas o material é gratuito. Possui prova de entrada. Para mais informações, telefone: (11) 3091-6491
Cursinho da Psicologia
As inscrições online vão até o dia 28/01 pelo site do cursinho. O valor da mensalidade é R$ 90, com taxa de matrícula no valor de R$ 50. Não possui prova de entrada. Telefone: (11) 94583-1356
FFLCH
A pré-inscrição vai até o dia 1º de fevereiro. A inscrição é presencial e vai do dia 04/2 ao dia 09/2. Possui taxa opcional de matrícula de 50,00.
Cursinho da Poli-USP
As inscrições online vão até sexta-feira (25). Presencialmente, há inscrições entre os dias 28/01 e 30/01. O valor da inscrição é de R$ 55. Possui prova de entrada. Para mais informações, acesse o site do cursinho.
Cursinho da Poli (não confundir com o cursinho da Poli-USP)
Fundado em 1987, tem unidades na Lapa, Santo Amaro e Tatuapé. As aulas começam em março. Mensalidades a partir de R$ 219.
Acepusp
As inscrições devem ser feitas online. Possui taxa de matrícula de R$ 100. O cursinho é pago e os preço das turmas, para alunos de escola pública, varia de 120 até 270 reais mensais. A Acepusp é uma instituição sem fins lucrativos formada por estudantes de diversas universidades públicas brasileiras, como a USP.
Edição: Mauro Ramos