A população da cidade de São Paulo começou a sentir os primeiros impactos da greve dos caminhoneiros nessa quinta-feira (24). A SPTrans reduziu em 40% a frota dos ônibus fora dos horários de pico, devido ao baixo estoque de combustíveis para abastecer os veículos.
A decisão afetou a vida de trabalhadores como o Alan de Souza, de 24 anos, que é auxiliar de manutenção. Ele saiu do Jardim da Conquista, em São Mateus e se dirigia à Avenida Paulista, mas acabou se atrasando por conta do maior tempo de espera do ônibus e do trânsito na cidade. Apesar da dificuldade, Alan considera a greve uma forma legitima de pressionar o poder público.
“Acredito que a manifestação dos caminhoneiros em parar o trânsito pode ajudar, porque a questão do reabastecimento de alimentos e de água vai trazer certa dificuldade para eles [o governo]. Então, nesse caso, eles podem tomar atitudes iguais à de ontem, com a redução do valor [do diesel]”, disse.
O rodízio de carros foi suspenso durante todo o dia, mas a medida não trouxe grandes alterações para o trânsito.
A aposentada Sebastiana Barroso, de 66 anos aproveitou para pegar carona com a filha para ir ao médico e evitar o transporte público. Ela explica que essa foi uma das últimas viagens da filha com o carro antes de acabar a gasolina.
“Ela está com pouca gasolina e falou que não vai por pelo preço que está. É um absurdo, até amanhã vai dar para ela trabalhar, depois eu vou ver, se não melhorar.”
Nos postos de gasolina que ainda restam combustíveis, os preços variaram nesta quinta e alguns deles chegaram a praticar valores abusivos.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro) está recebendo denúncias dos consumidores. O registro pode ser feito pelo site ou pelo telefone no número (11) 2109-0600.
No caso da consultora de vendas, Fernanda Ferreira, de 26 anos, o carro é utilizado como ferramenta de trabalho, mas teve que usar o transporte público porque não encontrou gasolina para abastecer.
“Porque não consegui abastecer o carro em Taboão da Serra, só teria gasolina em Embu das Artes e Itapecerica da Serra, mas o carro já estava na reserva e eu não ia conseguir chegar até um posto. É fora do comum esse preço da gasolina e a gente tem que pagar, porque a gasolina sai do meu bolso e eu vou pagando pra poder trabalhar”, lamenta.
A Prefeitura de São Paulo entrou como uma liminar na Justiça nessa quinta-feira para garantir o abastecimento dos ônibus e caminhões de lixo. O governo municipal solicitou ainda a aplicação de multa diária de R$ 1 milhão em caso de descumprimento.
São citados no processo o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo e o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo e Região.
Edição: Cecília Figueiredo