Transporte

No Recife, Justiça proíbe fechamento de garagens e pede 60% da frota no horário de pico

Em greve, rodoviários cobram melhores condições de trabalho e reajuste salarial de 5% acima da inflação

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Categoria também cobra posicionamento da governadora do estado, Raquel Lyra (PSDB) - Sindicato dos Rodoviários/divulgação

A Justiça do Trabalho, em Pernambuco, proibiu a realização de piquetes em frente às garagens das empresas de ônibus durante a greve dos rodoviários no Recife e Região Metropolitana. Além disso, também determinou que 60% da frota esteja circulando durante o horário de pico. O desembargador Fábio André Farias, do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região(TRT-6), autorizou o uso da força policial no cumprimento da ordem judicial e estabeleceu multa diária no valor de R$30 mil.

A decisão, publicada nesta segunda-feira (12), é uma resposta à greve por tempo indeterminado iniciada pelos rodoviários no mesmo dia. Os trabalhadores cobram melhores condições de trabalho e aumento de salário. A lista de reivindicações inclui reajuste de 5% acima da inflação (reajuste real), fim do controle por GPS, fim da compensação de horas, vale-alimentação de R$ 720 e abono de R$ 500 para quem exerce dupla função. Os trabalhadores também cobram a implementação do plano de saúde da categoria. 

Além dessas reivindicações, o sindicato também tem pautado a estabilidade nos empregos dos trabalhadores da Vera Cruz, empresa que atuava na Região Metropolitana e desistiu da concessão. 

O sindicato realizou uma série de assembleia nas empresas, consultando os trabalhadores, até culminar na assembleia na sede do sindicato. Nas consultas à base, 88% dos motoristas rejeitaram a proposta dos empresários e aprovaram o início da greve.

O tema foi abordado na edição desta segunda-feira(12) do Central do Brasil. 

Mobilização

Pela manhã, até as 6h, apenas 23% da frota estava circulando, de acordo com informações da Urbana PE, o sindicato patronal. A Polícia Militar foi acionada para garantir a circulação dos ônibus. A estimativa é de que cerca de 700 mil pessoas estão sendo afetadas pela paralisação. 

Com a greve, a circulação de passageiros no Metrô do Recife, que funciona de forma integrada com os ônibus, caiu 50%. 

"Desde o começo da nossa campanha salarial, o sindicato tem feito sucessivos chamados à governadora Raquel Lyra para que ela participe do processo de negociação. Entendemos que nossa categoria tem direito a uma contrapartida nos subsídios milionários repassados pelas empresas", afirmou o sindicato dos rodoviários, em um texto publicado nas redes sociais. 

O sindicato tem denunciado que as empresas estão oferecendo gratificação para os trabalhadores que furarem a greve. O presidente, Aldo Lima, também relatou que recebeu ameaças de morte pela internet. Ele publicou, nas redes sociais, a foto dos comentários, que trazem mensagem do tipo: "se os ônibus pararem, Aldo será baleado" e "Se os ônibus pararem, vai haver sangue no sindicato". 

Más condições

Desde 2020, o número de linhas tem diminuído no Grande Recife. Segundo levantamento feito pelo G1, essa redução tem afetado linhas de grandes corredores e, principalmente, aquelas secundárias. 

A população, diariamente, tem enfrentado dificuldades nos principais terminais, como superlotação, insegurança e repressão por falta da segurança dos espaços. 

Em nota, a Urbana PE informou que "que continuará empenhada no restabelecimento do serviço de transporte público por ônibus e que não medirá esforços para minimizar os transtornos causados pelas lideranças rodoviárias à população." 

A Polícia Militar também informou "que está atenta ao movimento e atuando para garantir a ordem pública e a segurança de todos os envolvidos".

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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, às 13h, pela Rede TVT e emissoras parceiras. 

Edição: Martina Medina