Cerca de 400 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) juntamente com militantes da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo ocuparam a praça dos três poderes no centro de João Pessoa, capital da Paraíba. A manifestação é parte de um dia de luta em defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso injustamente no último 7 de abril, vítima do golpe jurídico midiático que assola o país.
O ato que começou no fim da tarde tomou o centro de João Pessoa e os gritos de “Lula Livre” contagiaram a população que observava o protesto. “Só sairemos daqui quando Lula for solto, prometemos acampamento permanente em defesa do Lula e dele ser o nosso candidato”, afirmou Marcos Freitas, membro da Frente Brasil Popular.
Para Dilei Aparecida, membro da coordenação estadual do MST, “o ato é uma deliberação nacional para pressionar o judiciário que está mandando nesse país lamentavelmente” e explica que o acampamento é um ato para dialogar com a sociedade: “nós precisamos fazer um movimento muito forte, só o povo pode tirar Lula da cadeia”.
Durante o ato, os manifestantes fazem falas de repúdio ao Judiciário brasileiro, e denunciam, por condenarem um homem sem provas, o juiz Sérgio Moro e os juízes do TRF-4 e, ainda os seis membros do Tribunal Superior Federal (TSF) que votaram contra o habeas corpus em segunda instância para o ex-presidente.
Para Tarcio Teixeira, membro da Frente Povo sem Medo, neste momento duas coisas são de grande importância: a segurança dos manifestantes, vide os ataques a trabalhadores do campo, a caravana de Lula e o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, assim como a unidade da esquerda: “fundamental a questão da unidade. Quando temos o Estado de Direito em risco, os direitos são colocados em risco também. Basta olhar para o aumento de mortes no campo. Agora é importante ressaltar também a reação dos movimentos, em especial o MST e o MTST”.
Entre os militantes presentes, um garoto de 14 anos, vindo do sertão do estado, gritava alto e lúcido pela liberdade de Lula e por justiça social e terra para a reforma agrária. Perguntando pela motivação de estar naquela manifestação ele foi logo se antecipando, dizendo ser do acampamento Emiliano Zapata, que fica no município de Sousa, no interior do Estado, o jovem Davi foi taxativo: “Lula ter sido preso é uma injustiça. Só vou sair quando Lula for livre”.
O sentimento de indignação também foi visto na expressão de Cristiane Bezerra, de 33 anos, que mora no assentamento Vanderley Caixe, em Pedras de Fogo. “Estamos reivindicando a luta do povo para soltar Lula, um país sem corrupção. Com os ladrões presos e inocentes como Lula soltos”.
Além da pauta em prol da liberdade de Lula, a ocupação também faz parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária que relembra os 22 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, denuncia a paralisação da reforma agrária, o desmantelo das políticas de reforma agrária e a criminalização dos movimentos sociais.
Edição: Paula Adissi