Cecília Thumim Boal, coordenadora do Instituto Augusto Boal e organizadora do acervo do teatrólogo Augusto Boal, encontrou nos arquivos do encenador brasileiro um material ainda inédito de uma peça de agitprop (expressão para agitação e propaganda) produzida no início dos anos 1970. Escrita em 1960, a peça foi feita para a conjuntura das eleições presidenciais daquele ano, que elegeu Jânio Quadros presidente e Jango como vice.
A intervenção de agitprop abordava as disputas em torno da Petrobras naquele período de eleições, a interferência internacional na política brasileira e os limites para uma política nacional soberana. Essa experiência de agitprop, em 1960, foi uma das primeiras daquele período, antes mesmo da criação do Centro Popular de Cultura (CPC), vinculado à UNE (União Nacional dos Estudantes), oficialmente criado em 1961. A temática da Petrobras, naquela conjuntura política que resultou no golpe militar de 1964, adquire uma grande atualidade e relevância no momento político em que o país atravessa hoje às vésperas de novas eleições à Presidência. Na cópia encontrada por Cecília Boal no acervo do criador do Teatro do Oprimido, o próprio Augusto Boal atribui a autoria da peça a Glauber Rocha.
Para tornar público pela primeira vez esse material e promover uma reflexão sobre arte e engajamento, agitprop e cenário político, Cecília Boal, que também fez parte do Teatro de Arena ao lado de Augusto Boal, organizará uma leitura da peça com atores e atrizes de São Paulo, seguida de debate sobre agitprop com Douglas Estevam, do setor de cultura do MST. A atividade será às 16h deste sábado (10), no Teatro de Conteiner, que fica na Rua dos Gusmões, 43 (próximo à estação Luz). A entrada é gratuita. Mais informações podem ser obtidas no endereço: https://www.facebook.com/events/542879329432127/
Participam da produção e elenco: Cecília Thumin Boal, Dinho Lima Flor, Douglas Estevam, Mariana Soutto Mayor, Rodrigo Mercadante, Sara Antunes, Sara Mello Neiva e Thompson Loiola.
Edição: Luiz Felipe Albuquerque
