“A luta continua” foi a primeira frase que o ativista Danny Glover aprendeu em português. Foi arriscando o idioma de sua esposa, a brasileira e professora universitária Eliane Cavaleiro, que ele participou da roda de conversa com lideranças do movimento negro na noite da última quinta-feira (8), em São Paulo.
O encontro reuniu cerca de 50 pessoas e tinha o objetivo de promover uma troca de ideia sobre o contexto brasileiro pós-golpe, especialmente as consequências para as comunidades mais marginalizadas.
Glover falou sobre como a luta antirracista está acontecendo no Estados Unidos e afirmou a necessidade de se colocar as questões raciais no centro dos debates políticos. “A conexão do combate ao racismo com a democracia deve estar no centro das discussões, ela é fundamental”, afirmou.
Flávio Jorge, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), entidade que organizou o debate, citou que o movimento negro brasileiro foi fundado sob influência de várias lutas de combate ao racismo no mundo como a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, a luta pela libertação dos países do continente africano e do movimento de negritude da França.
“Essa é a importância dessa atividade, tornar a beber em fontes de luta contra o racismo no mundo, que são fundamentais para o Brasil”, afirmou.
Fania Espinosa, atriz, participou da atividade e comentou sobre a generosidade de Glover. “Um ator, ativista internacional, vir saber o que acontece no Brasil pela voz dos negros mostra comprometimento real com a causa”, elogiou.
Solidariedade
No mesmo dia, mais cedo, o ator teve um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Instituto Lula.
A Lula, Glover disse: “Eu vim aqui para demonstrar minha solidariedade e dizer que há outros em meu país que também tem solidariedade contigo. Nós temos que usar a nossa voz porque sabemos que o momento atual é importante não só para o Brasil mas para todas as américas. Nós também estamos lutando contra a extrema-direita em nosso país”.
O ator afirmou ainda que Lula inspirou ativistas nos Estados Unidos e no mundo.
Edição: Nina Fideles