Parlamentares brasileiros integrantes da bancada ruralista realizaram uma viagem à Suíça com o apoio da transnacional Syngenta, uma das maiores produtoras de agrotóxicos. A visita ao país ocorreu após a Agência Nacional da Vigilância Sanitária proibir o uso e comercialização do paraquate, agrotóxico banido em diversos países.
Um documento obtido com exclusividade pelo Brasil de Fato, aponta que a viagem foi bancada pela Câmara de Comércio Suíço-Brasileira, com apoio da Syngenta e da própria Confederação Suíça.
O roteiro da viagem incluía, entre outras coisas, visitas ao laboratório de desenvolvimento de produtos da Syngenta, na cidade de Stein, e ao Centro de Inovação da Philip Morris Internacional, em Neuchâtel.
Em um dos momentos na Suíça, em 17 de novembro, em visita ao Secretário de Estado para Formação, Pesquisa e Inovação, Mauro Dell'Ambrogio, os parlamentares foram alvo de um protesto organizado pelas organizações não-governamentais suíças Public Eye e Multiwatch.
Durante as discussões sobre a proibição do paraquate, a Frente Parlamentar Agropecuária, conhecida como bancada ruralista, interveio junto ao presidente golpista Michel Temer, manifestando preocupação com a possibilidade de a substância ser banida do país. As informações são de documento da Anvisa disponível online.
A substância produzida pela Syngenta é altamente tóxica, tendo sido proibida em mais de 40 países, incluindo toda a União Europeia e Suíça, país onde é produzido. Em 2011, um estudo estadunidense dos Institutos Nacionais de Saúde apontou correlação entre o emprego do paraquate por trabalhadores rurais e o desenvolvimento da doença de Parkinson.
Os parlamentares que participaram da viagem são: Ana Amélia (PP-RS); Antonio Goulart (PSD-SP); Covatti Filho (PP-RS); Julio Delgado (PSB-MG); Sergio Souza (PMDB-PR); e Valdir Colatto (PMDB-SC). A comitiva foi acompanhada por três executivos da filial brasileira da Syngenta.
Segundo informações obtidas pela reportagem, Jerônimo Goergen (PP-RS) e Tereza Cristina (sem partido-MG) também foram convidados pela Câmara de Comércio Suíço-brasileira, mas não participaram da visita.
Edição: Mauro Ramos