O som de batuques e cânticos africanos, o Rio comemorou nesta segunda-feira (10) o reconhecimento do Cais do Valongo, considerado a principal porta de entrada de africanos escravizados no Brasil, como patrimônio cultural da humanidade.
Com uma mistura de alegria e emoção, representantes do movimento negro e da cultura, celebraram a preservação da memória de um passado doloroso, mas que não pode ficar esquecido e muito menos escondido.
O radialista e compositor Rubem Confete lembrou nomes de vários representantes negros que marcaram a história da cidade. Seguno ele, depois de uma luta insana o espaço foi reconhecido.
Celina Rodrigues, diretora do Centro Cultural Pequena África, que participou dos trabalhos do dossiê de candidatura, se emocionou ao falar da conquista.
Com a batalha do reconhecimento vencida, especialistas se preocupam agora como vai ser feita a preservação do Patrimônio. O antropólogo Milton Guran, coordenador do grupo de trabalho que elaborou o dossiê de candidatura do Cais do Valongo, avalia que é preciso um cuidado intensivo da área.
A superintendente do IPHAN no Rio de Janeiro, Mônica da Costa falou que o trabalho continua e a ideia é que a água faça parte do sítio arqueológico em referência ao Cais.
A comemoração não contou com a presença do prefeito Marcelo Crivella, que participa, em Campinas, de encontro da Frente Nacional de Prefeitos.
Eduardo Nascimento, representante do Conselho Municipal de Cultura, disse que o projeto vai ter uma atuação conjunta integrada para a proteção e guarda do espaço.
A ideia é que a região passe por uma reestruturação no paisagismo, com identificação dos pontos históricos, um centro de informações, além de contar com parcerias com as áreas de educação e arqueologia.
Ele citou ainda o projeto do Museu da Escravidão e da Liberdade, como centro de referência de todo o acervo da cultura afrodescendente do Rio de Janeiro, e disse que o cuidado imediato deve ser feito pela Guarda Municipal e outros órgãos.
O Brasil recebeu cerca de 4 milhões de africanos escravizados em três séculos de escravidão. Estima-se que cerca de um milhão deles entraram pelo Cais do Valongo.
O título coloca o sítio arqueológico no mesmo patamar de importância histórica de outros patrimônios mundiais, que foram reconhecidos como locais de memória e sofrimento da humanidade.
Edição: Radioagência Nacional