Feira

Ato no Armazém do Campo marca lançamento da 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária

Artistas como a cantora Tulipa Ruiz, Tico Santa Cruz e Liniker e os Caramelows, também fazem parte da agenda cultural

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Ato político-cultural no Armazém do Campo marca lançamento da 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária
Ato político-cultural no Armazém do Campo marca lançamento da 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária - Rica Retamal/ Brasil de Fato

As atrações culturais e atividades que irão compor a 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária, organizada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) entre os dias 4 e 7 de maio, no Parque da Água Branca, em São Paulo, foram divulgadas na noite desta quinta-feira (13), no Armazém do Campo, espaço de comercialização de produtos agroecológicos da reforma agrária.

A Feira tem como objetivo dialogar com a sociedade sobre a necessidade de uma transição do atual modelo agrícola baseado no uso de agrotóxicos, para um modelo que respeite o trabalhador e o meio ambiente. Neste ano, a Feira contará com mais de 250 toneladas de alimentos orgânicos e a presença de mais de 500 assentados, dos 23 estados, mais o Distrito Federal, onde há organização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. 

Entre as atividades culturais, estão programados saraus como o Slam da Guilhermina, uma tenda literária, além de seminários e debates sobre a agricultura popular. Artistas como a cantora Tulipa Ruiz, Tico Santa Cruz e Liniker e os Caramelows, também fazem parte da agenda cultural.

Uma das coordenadoras desta 2ª edição do evento, a assentada Antônia Ivoneide Melo Silva, conhecida como Nenê, da direção nacional do MST e natural do Ceará, explica que “a feira não é somente a venda de produtos, é uma troca de conhecimento, é uma troca cultural, é a participação, é conversa. A Feira é a maior expressão cultural campesina do MST”.

Para ela, o lançamento da Feira ter sido realizado no Armazém do Campo, “um dos espaços que tem se destacado do ponto de vista cultural, mas também um ponto de encontro, traz também a importância da integração do Movimento com o meio urbano”, completa a coordenadora da Feira.

Alimentação saudável

Entre as pautas da Feira da Reforma Agrária, talvez a principal delas é o debate sobre a alimentação saudável e livre de agrotóxicos. Segundo Nenê, aqueles que passam fome com os 5 anos ininterruptos de seca no nordeste, “sabem da importância do alimento”, diz. ”Mas hoje há uma outra discussão para quem nunca passou fome: é sobre que alimento está comendo?”, destaca a coordenadora.

“Há uma insegurança alimentar. Nós estamos debatendo soberania alimentar, mas para quem tem com o que comprar, para quem nunca passou fome na vida, tem hoje a insegurança de como é produzido esse alimento. A forma de produção, o tanto de veneno que usa, se foi modificado geneticamente. É uma outra realidade que estamos vivendo”, afirma.

O agricultor Guilherme Verde, do Centro de Formação Campo Cidade do MST, em Jarinú, na região metropolitana de São Paulo, lembra que “o espírito da Feira é, mais do que comercializar a nossa produção, dialogar com a sociedade sobre a produção agroecológica e mostrar o nosso projeto. E para nós, que estamos aqui no eixo metropolitano, na Grande São Paulo, mostrar que tem agricultor e tem a reforma agrária”.

Para João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, o Movimento quer debater a questão “dos alimentos saudáveis, dos alimentos orgânicos, estimular a luta contra os agrotóxicos, discutir o modelo agrícola, ou seja, mostrar porque somos contra o agronegócio e queremos uma reforma agrária popular”.

 

Sobre os desafios da agenda da reforma agrária no Brasil, João Paulo lembra que a Feira é um espaço importante “para fazer crítica e reflexão sobre esse governo golpista, que não faz a reforma agrária, que tira direito dos trabalhadores do campo e da cidade. E é um governo criminoso, repressor e corrupto”, afirma. 

Ato

O ato político-cultural realizado no Armazém do Campo contou com a presença de poetas, intervenções artísticas e a apresentação dos violeiros Fabius e Arnaldo Freitas. Além de lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, estavam presentes também a vereadora Juliana Cardoso (PT-SP) e o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Segundo o ex-ministro, “São Paulo e o Movimento ganham muito com isso. Primeiro porque São Paulo tem a oportunidade de ter um outro olhar sobre o que é o MST, sobre a reforma agrária, sobre o que é a luta dos trabalhadores sem terra e dos assentamentos, um olhar muito diferente daquele que São Paulo vê na mídia tradicional”.

Padilha ainda destacou que “muita gente que ouve falar em MST, não tem a menor noção do quanto esse é um movimento que não só incluiu e deu dignidade a milhões de brasileiros da área rural, mas como também é a grande experiência prática de produção saudável, de produção orgânica, de cooperativismo, de como esses produtos podem chegar na cidade sem o trabalhador rural precisar passar por vários intermediários que só o exploram”. completou.

Edição: Luiz Felipe Albuquerque