Nesta quinta-feira (12), o prefeito de São Paulo João Doria Júnior e seu padrinho político, o governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, enfrentaram a primeira manifestação popular desde o início da nova gestão municipal tucana.
O ato, convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL), tinha como lema “nenhum centavo a mais, nenhum direito a menos”. Os manifestantes protestaram contra o reajuste acima da inflação, anunciado em 30 de dezembro, da tarifa de integração dos ônibus com trens e Metrô.
A concentração ocorreu às 17h, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. Em seguida, o protesto seguiu em direção à mansão de Doria, no Jardim Europa, zona oeste da cidade. Segundo o MPL, a ideia era entregar a Doria o “Troféu Catraca”, que “reconhece os destaques do ano na defesa dos interesses dos empresários do transporte”, na categoria "Aumento Inovador".
A crítica se deve ao fato de que Doria e Alckmin mantiveram a tarifa comum do ônibus e metrô em R$ 3,80, mas aumentaram a integração em 14,8%. O custo do bilhete integrado foi de R$ 5,92 para R$ 6,80. Já nos bilhetes temporais, o aumento chegou a 50%, como no caso do Bilhete 24 horas, que foi de R$ 10 para R$ 15. A opção mensal, antes R$ 140, passou para para R$ 190, um aumento de 35,7%.
Diego Soares, militante do MPL, avalia que, da forma como o reajuste foi feito, Alckmin e Doria quiseram enganar a população. "A estratégia foi isolar Doria, como se ele não tivesse participado desse aumento. Por isso, a gente quer entregar o prêmio de 'Aumento Inovador', por criar essa modalidade de aumento que a prefeitura nunca tinha feito", ironizou.
No dia 8 de janeiro, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) suspendeu o aumento, mas o governo estadual está recorrendo da decisão. O reajuste prejudica principalmente quem precisa de mais de uma condução para se deslocar pela cidade, ou seja, a população das regiões periféricas.
"Entra governo, sai governo, esse aumento sempre está acontecendo, de forma autoritária, sem consultar a população e, principalmente, sem ouvir as pessoas que não têm como arcar com esse custo. (...) É uma cidade cara, que tem longas distâncias, e você precisa muito do transporte público para se locomover. Então, [esse aumento] limita o direito à cidade", avaliou a militante anarquista Yasmin Nóbrega, da Liga Brasileira de Lésbicas.
A manifestação foi encerrada por volta das 20h30 antes de chegar ao destino previsto, após um acordo com a Polícia Militar. Não houve confronto.
O próximo ato está marcado para a próxima quinta (19), às 17h, na Estação da Luz, também no centro da cidade.
Violência
O protesto desta quinta marcou também um ano da segunda manifestação do MPL contra o aumento da tarifa na capital paulista em 2016, na época gerida por Fernando Haddad (PT), para R$ 3,80.
No protesto do dia 12 de janeiro do ano passado, os manifestantes não conseguiram sair da Praça do Ciclista, mesmo local de concentração do ato desta quinta-feira. Policiais militares, na época chefiados pelo atual ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, lançaram bombas e balas de borracha para dispersar o protesto, que contabilizou pelo menos oito pessoas detidas e muitos feridos.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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