Manifestação

Ocupação do Ministério da Cultura no Recife completa uma semana

Contra governo interino de Temer, grupo diz que só deixará o local “quando a democracia voltar”

Agência Brasil |
Manifestantes dizem que ocupação da sede regional do Ministério da Cultura no Recife não tem prazo para terminar
Manifestantes dizem que ocupação da sede regional do Ministério da Cultura no Recife não tem prazo para terminar - Reprodução/Ocupa MinC PE/Facebook

Há uma semana ocupando a sede regional do Ministério da Cultura no Recife, artistas e apoiadores do movimento Ocupa MinC PE anunciaram nesta terça-feira (24) que pretendem permanecer acampados no prédio por tempo indeterminado. O grupo diz que só deixará o local “quando a democracia voltar”.

Do lado de fora do prédio histórico, no centro do Recife, um grupo entrega panfletos aos pedestres ao som de paródias com críticas ao impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff.

“Golpe não, nossa voz na rua vem para lutar. Eu não abro mão do que sonhamos juntos”, diz um trecho de uma das músicas. Do outro lado da rua, artistas fazem acrobacias ao ar livre.

Rotina

Dentro da ocupação, os ativistas se revezam entre as tarefas domésticas – limpeza, cozinha, organização em geral – e as atividades culturais que são realizadas diariamente. O grupo convive com os poucos funcionários que trabalham no local. A maior parte do MinC não funciona no prédio, que foi quase todo desativado para reforma. Apenas o térreo está aberto, onde há um escritório da Fundação Nacional de Artes (Funarte).

Uma das salas foi ocupada por colchonetes e barracas e a escada antiga de madeira serve de varal para toalhas. O hall de entrada é o local de debates, aulas públicas, debates e plenárias e está quase sempre movimentado.

Representantes do grupo, que só dão entrevistas sem identificação – para ressaltar o caráter coletivo do movimento – dizem que a recriação do Ministério da Cultura pelo presidente interino Michel Temer não foi suficiente para desmobilizar a ocupação. “Se o governo agora recria o Ministério da Cultura a gente entende que isso é uma farsa, uma tentativa de acalmar as pessoas, mas é inútil”, disse um ativista. “A ênfase desse governo é a privatização de tudo que pode ser privatizado, e enquanto isso se faz jogo de cena de cortes de gastos que na verdade são quase simbólicos”, acrescentou.

Apesar da recriação, os manifestantes temem que o ministério seja esvaziado e que políticas públicas do governo anterior, como os Pontos de Cultura, sejam extintas. “Nosso medo é que pessoas beneficiadas na periferia comecem a não ter recursos para trabalhar. O que é a vida de Pernambuco e do Brasil? São os maracatus, os cocos [manifestações culturais do estado]. É o que permite ter a nossa identidade, que é construída com memória. Se a gente não preserva essa memória não sabemos mais como a gente é.”

Entre os manifestantes do Ocupa MinC PE há pessoas filiadas a partidos de esquerda; representantes de movimentos culturais; artistas de diversas áreas e apoiadores.

Posse

Ao dar posse ao novo ministro da Cultura, Marcelo Calero, após extinguir a pasta e recriá-la no último sábado, o presidente interino disse reconhecer que o setor é de “fundamental importância para o país”. 

Edição: ---