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Venezuela, Cuba, México e OEA: mundo denuncia tentativa de golpe de Estado na Bolívia

Militares tomam praça em frente à sede do governo em La Paz

Brasil de Fato | São Paulo (SP) | |
Militares golpistas disparam gás lacrimogênio na frente da sede do governo boliviano em La Paz - AFP

A comunidade internacional vem se manifestando em solidariedade ao povo boliviano e ao governo do presidente Luiz Arce em meio à movimentação militar na capital do país La Paz e uma tentativa de golpe de Estado em andamento no país nesta quarta-feira (26).

A Organização dos Estados Americanos (OEA) disse que "não tolerará qualquer forma de violação da ordem constitucional" na Bolívia, declarou nesta quarta-feira (26) o secretário-geral da entidade, Luis Almagro, ao condenar as mobilizações irregulares do Exército boliviano diante da sede do governo em La Paz.

"Expressamos nossa solidariedade ao presidente Luis Arce Catacora. A secretaria-geral da OEA não tolerará qualquer forma de quebra da ordem constitucional legítima na Bolívia, nem em qualquer outro lugar", disse Almagro em Assunção, onde ocorre até sexta-feira a assembleia geral da organização.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também denunciou a tentativa de golpe de Estado. "O comandante Zuniga quer sequestrar o presidente Lucho, desconhecer sua autoridade legítima. Preidente Lucho, convoque o povo, só o povo salva a democracia", disse.

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, disse que "o atropelo à democracia e ao povo boliviano indigna. Repudiamos a tentiativa de golpe de Estado em marcha e estendemos toda a solidariedade do governo e do povo cubano ao irmãos Luis Arce".

A presidenta de Honduras, Xiomara Castro, convocou com urgência "os presidentes dos países membros do CELAC a condenar o fascismo que hoje atenta contra a democracia na Bolívia".

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, manifestou "a mais enérgica condenação à tentativa de golpe de Estado na Bolívia. Nosso apoio total e respaldo ao presidente Luis Arce, autêntica autoridade democrática do povo e do país".

Gabriel Boric, presidente chileno, expressou "preocupação pela situação na Bolívia". "Expressamos o nosso apoio à democracia no país irmão e ao governo legítimo do Luis Arce. Condenamos veementemente a inaceitável acção de força por parte de um setor do exército daquele país. Não podemos tolerar qualquer violação da ordem constitucional legítima na Bolívia ou em qualquer outro lugar".

Luis Lacalle Pou, presidente uruguaio, condenou "energicamente os feitos em desenvolvimento na Bolívia protagonizados por um setor das Forças Armadas, que atentam contra sua ordem democrática e constitucional". 

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, manifestou sua "rejeição total ao golpe militar na Bolívia" e convidou "todo o povo boliviano à resistência democrática". "A América Latina deve unir-se em favor da democracia. A embaixada colombiana deve conceder refúgio aos perseguidos. Não haverá relação diplomática entre a Colômbia e a ditadura. Um golpe antidemocrático é recebido com uma mobilização generalizada do povo", disse.

O premiê da Espanha, Pedro Sánchez, disse que o país "condena veementemente os movimentos militares na Bolívia". "Enviamos ao governo da Bolívia e ao seu povo, o nosso apoio e solidariedade e apelamos que respeitem a democracia e o Estado de direito", afirmou.

O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, "chama à calma" na Bolívia, declarou à agência AFP uma porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

"Os Estados Unidos estão acompanhando de perto a situação" no país latino-americano, acrescentou, após o presidente boliviano, Luis Arce, sofrer uma tentativa de golpe de Estado.

Golpista

O ex-comandante do Exército Boliviano Juan José Zúñiga é visto como a principal liderança da tentativa de golpe contra o presidente da Bolívia, Luís Arce. 

Zúñiga foi afastado do cargo que ocupava desde 2022 na terça-feira (25), após ameaçar o ex-presidente Evo Morales. O militar de alta patente se opõe à candidatura Morales para disputar as eleições do ano que vem.

Em declarações recentes ele chegou a dizer que Morales "não pode mais ser presidente deste país" e afirmou que estaria disposto a oferecer a vida "pela defesa e unidade da pátria."

Nesta quarta-feira (26),  Zúñiga liderou um levante na Plaza Murillo em La Paz e, acompanhado de seus seguidores, invadiu no Palácio Presidencial.

Em 2013, foi acusado de desvio e roubo de mais de 2,7 milhões de pesos bolivianos. A verba deveria ser destinada ao pagamento de programas sociais. O militar foi punido com sete dias de prisão por desfalque e falsificação de documentos.

Edição: Lucas Estanislau