Eleições

Equador: esquerda vai ao 2º turno com Luisa Gonzáles e reedita disputa contra presidente de extrema direita, Daniel Noboa

Candidatos voltam a se enfrentar nas urnas em 13 de abril, após votação apertada neste domingo (9)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Luisa González e Daniel Noboa disputarão o segundo turno da eleição presidencial equatoriana - Rodrigo Buendia and Marvin Recinos / AFP

A candidata da esquerda, Luisa González, e o atual presidente do Equador, o ultraliberal de extrema direita Daniel Noboa, disputarão o segundo turno das eleições presidenciais em 13 de abril.  

Com 92% dos votos apurados, o quadro de um segundo pleito já se formava com Noboa liderando (44,3%), seguido por González (43,8%), que é apoiada pelo ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017). 

“Não nos esquecemos do que nos enfrentaremos: contra um candidato a presidente, que usou o poder do Estado e seus bens para fazer campanha eleitoral”, disse González. 

"Também gostaria de dizer a vocês que quebramos a votação histórica da Revolução Cidadã dos últimos 10 anos. Ou seja, nós, como uma organização política também, que reflete os sentimentos de um povo que foi esquecido, sentimos essa coragem, esse carinho e essa esperança do povo na resposta, na urna, graças aos equatorianos, graças ao meu povo, graças ao meu país, graças ao Equador, porque esse triunfo é de vocês", disse a advogada.

Esta será a segunda vez que os candidatos se enfrentam no segundo turno de uma corrida eleitoral para a Presidência. A primeira foi em 2023, em uma eleição antecipada para completar os 15 meses de mandato de Guillermo Lasso, que havia convocado uma votação rápida para evitar o impeachment por suposto desvio de dinheiro. À época, Noboa venceu com margem apertada de 52,1% dos votos. 

Nas eleições de 2023, González terminou o primeiro turno com mais votos, perdendo apenas para Noboa no segundo turno. Ela integrou o governo do ex-presidente socialista Rafael Correa e prometeu seguir suas políticas, mas insistiu que o ex-presidente não passará de um conselheiro em seu governo. 

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a participação na votação deste domingo foi de 83,3% e a jornada eleitoral ocorreu com normalidade. 

González denuncia irregularidades 

Mais cedo neste domingo, após realizar seu voto, a candidata Luisa González alegou que o processo ocorreu com irregularidades, dizendo que o "candidato-presidente não pediu licença", referindo-se à relutância de Noboa em se afastar do cargo presidencial durante a campanha eleitoral. 

De acordo com a Constituição do Equador, autoridades que concorrem à reeleição devem solicitar a licença do cargo e, no caso do chefe de Estado, é necessário que ele entregue o poder à vice-presidência. No entanto, Noboa não pediu a licença durante o período da campanha eleitoral, ocorrido entre 5 de janeiro e 6 de fevereiro.  

Em vez de delegar o cargo à vice-presidenta Verónica Abad, entregou o posto à secretária de Administração Pública Cynthia Gellibert, nomeando-a como “vice-presidenta responsável” e deixando o cargo presidencial apenas nos dias em que realizou atividades eleitorais.  

Nesse sentido, González também criticou a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do Equador, Diana Atamaint, ao afirmar que a autoridade “em vez de ser uma guardiã do processo eleitoral, tem sido uma gerente de campanha de Daniel Noboa, permitindo que irregularidades sejam cometidas e a lei não seja cumprida”. 

Edição: Nathallia Fonseca