O governo da Dinamarca anunciou na segunda-feira (27) que destinará 2 bilhões de euros (R$ 12,4 bilhões) para reforçar a segurança no Ártico, zona estratégica pela proximidade com a Rússia e os Estados Unidos, bem como no Atlântico Norte. A iniciativa vem após ameaças de Donald Trump de tornar a Groenlândia um território dos Estados Unidos.
"O nível de ameaça no Ártico e no Atlântico Norte se agravou. Devemos, portanto, reforçar de maneira significativa a presença da defesa nessas regiões", disse o ministro da Defesa da Dinamarca, Troels Lund Poulsen, em comunicado, ao anunciar um investimento de 14,6 bilhões de coroas dinamarquesas.
O governo da Dinamarca prometeu enviar três novos barcos ao Ártico, drones suplementares de longo alcance que captem imagens avançadas, bem como reforçar a capacidade dos satélites.
Copenhague detalhou que esse programa, concluído com os principais partidos políticos dinamarqueses, foi elaborado em "estreita colaboração" com Groenlândia e Ilhas Faroe, dois territórios autônomos do país escandinavo.
A Groenlândia, que busca obter independência da Dinamarca, é muito cobiçada por sua localização estratégica. Os Estados Unidos possuem uma base ativa no noroeste da ilha, em Pituffik.
Além disso, a Groenlândia é a trajetória mais curta para um disparo de mísseis contra a Rússia.
Pouco antes do Natal, Trump expressou seu desejo de anexar a Groenlândia, que, segundo estimativas, possui grandes reservas de minerais e hidrocarbonetos, além de uma posição global estratégica. Suas justificativas foram que o controle do território autônomo dinamarquês é "uma necessidade absoluta" para "a segurança nacional e a liberdade no mundo".
"Enorme apoio" europeu
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, disse nesta terça-feira (28) que recebeu "enorme apoio" de seus parceiros europeus diante dos comentários do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a Groenlândia durante uma visita à França e à Alemanha.
"A mensagem é muito, muito clara", "o território e a soberania dos Estados, um elemento essencial da comunidade internacional, devem ser respeitados", disse Frederiksen à mídia dinamarquesa em Paris, após se reunir com o presidente francês Emmanuel Macron.
"As fronteiras não devem ser movidas pela força", disse o chefe do governo alemão, o chanceler Olaf Scholz, após receber a primeira-ministra dinamarquesa.
O ministro dinamarquês das Relações Exteriores, Lars Løkke Rasmussen, descartou nesta terça uma anexação da ilha pelos EUA: "Trump não ficará com a Groenlândia".
Em meados de janeiro, Frederiksen conversou por telefone com o presidente dos EUA, a quem disse que cabia à Groenlândia decidir sobre seu futuro. A Groenlândia não está à venda, insistiu várias vezes seu primeiro-ministro groenlandês, Mute Egede, mas está "aberta para negócios" com os EUA.
Na última segunda (27), a Dinamarca também anunciou um plano contra discriminação de groenlandeses no país. O plano de 35 milhões de coroas (R$ 28 milhões) inclui medidas nas áreas de educação, emprego e idioma.
Depois de Berlim e Paris, Frederiksen também deve se reunir com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, na sede da Aliança em Bruxelas, nesta tarde.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito