A Dinamarca apresentou, nesta segunda-feira (27), um plano com 12 iniciativas para combater o racismo e a discriminação dentro do país europeu contra cidadãos da Groenlândia, território dinamarquês visado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Em comunicado, Kaare Dybvad Bek, ministro da Integração da Groenlândia, declarou que é importante "que os groenlandeses possam viver na Dinamarca sem sofrer preconceito, o que infelizmente é o caso hoje".
O plano de 35 milhões de coroas (R$ 28 milhões) inclui medidas nas áreas de educação, emprego e idioma.
Após uma visita particular à Groenlândia no início de janeiro, o filho mais velho de Trump anunciou à imprensa estadunidense que a população da maior ilha do mundo seria alvo de racismo por parte dos dinamarqueses.
Antes da posse na última segunda-feira (27) para o segundo mandato, Trump expressou seu desejo de anexar o território ártico que, segundo estimativas, possui grandes reservas de minerais e hidrocarbonetos, além de uma posição global estratégica.
Ligação "tenebrosa"
O primeiro-ministro groenlandês Múte Egede, que é favorável à independência da ilha, declarou em 13 de janeiro que o território não está para venda, mas que a ilha está aberta para estreitar relações comerciais com os EUA.
O líder do comitê parlamentar de Defesa da Dinamarca, Rasmus Jarlov, disse em postagem no X (Twitter) que a Dinamarca nunca entregaria 57 mil cidadãos groenlandeses para se tornarem estadunidenses sem o aval da população.
"Nós entendemos que os EUA são um país poderoso. Nós não somos. Está nas mãos deles o quão longe eles irão. Mas venha o que vier. Nós ainda diremos não", declarou Jarlov.
No último sábado, a primeira-ministro dinamarquesa Mette Frederiksen esteve em ligação com Trump, uma conversa considerada "tenebrosa". Segundo fontes anônimas, Trump estava agressivo e confrontativo durante a discussão de sua ideia de incorporar a ilha.
Cinco oficiais europeus, entre seniores e ex-oficiais, disseram ao Financial Times que a ligação foi muito ruim. "Foi um banho de água fria", declarou um dos seniores ao jornal. "Até então, era difícil levar a sério [as ideias de Trump], mas [agora] acredito que seja, e potencialmente muito perigoso."
O gabinete de Frederiksen, no entanto, disse que "não reconhece esta interpretação da conversa dada por fontes anônimas".Trump já ameaçou a Dinamarca, um aliado na Otan, com imposições tarifárias a produtos dinamarqueses que chegam aos EUA.
*Com AFP e The Guardian
Edição: Leandro Melito