Na manhã desta quinta-feira (23), foram anunciados os indicados ao Oscar 2025. E tem Brasil em dose tripla na disputa: Ainda Estou Aqui foi indicado a Melhor Filme Estrangeiro e a Melhor Filme do Ano, e Fernanda Torres, a Melhor Atriz.
Para comentar as indicações brasileiras, o Central do Brasil entrevistou Elzemann Neves, diretor, roteirista, dramaturgo e professor da Academia Internacional de Cinema. Ele comemora as indicações, mas lembra que o Oscar é uma “celebração da indústria do cinema norte-americano”. Nesse contexto, Demi Moore é um nome muito forte na disputa de Melhor Atriz.
“Minha sensação é que o mundo inteiro se rendeu ao magnetismo da Fernanda, à espontaneidade, ao humor, mas o Oscar é uma celebração da indústria do cinema norte-americano. A verdade é que a Demi Moore tem uma história muito atraente para eles, de uma atriz que já foi recordista de bilheteria, fez filmes incríveis, e nunca foi levada muito a sério. Agora, ela ressurge com esse filme que é muito potente, forte e polêmico. Fica a sensação de uma jornada da heroína para a Demi Moore, então ela tem essa vantagem”, avalia.
O especialista também analisou as chances do Brasil nas categorias de melhor filme. Para ele, Emilia Pérez é o principal concorrente de Ainda Estou Aqui, assim como ocorreu no Globo de Ouro, onde o filme francês levou o prêmio de Melhor Filme em Língua Não Inglesa.
“A forma como [Emilia Pérez] representa a população trans, o estereótipo como eles representam o México, inclusive trabalhando com atrizes norte-americanas falando um espanhol que está sendo super questionado, e o diretor é francês. Essa polêmica pode fazê-lo perder um pouco de força, e eu acho que é nessa perda de força que entra o Ainda Estou Aqui. Mas, claramente, a comunidade cinematográfica está se rendendo ao Emilia Pérez: teve premiação em Cannes, teve premiação no Globo de Ouro. Então, precisa ver se ele perde força, com toda essa polêmica, nessa reta final.”
Neves acredita que as indicações ao Oscar 2025 devem impulsionar o cinema brasileiro como um todo, e que a abordagem íntima de Ainda Estou Aqui sobre o tema da ditadura colabora para ampliar o público interessado no filme.
“Ainda Estou Aqui fez uma coisa muito legal que é entregar para grandes públicos um olhar sobre a ditadura de um lugar mais íntimo, mais privado, através de uma família, sem apontar graficamente as violências sofridas, torturas, e isso consequentemente amplia muito o público que vai ao cinema assistir esse filme. Isso é muito importante nos tempos que a gente vive, precisamos ficar atentos ao que acabou de acontecer na nossa história e o que virá pela frente”.
A entrevista completa está disponível no YouTube do Brasil de Fato.
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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Martina Medina
