Com a chegada de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20), o Partido Democrata que encerrou sua governança com Joe Biden, não será a única força de oposição. Com mais de 700 protestos em todo o país, a esquerda estadunidense demonstra “que existe uma comunidade significativa e vocal que se opõe à agenda política de Trump”.
Entre o último domingo (19) e esta segunda-feira, a esquerda nos Estados Unidos - força política que muitos nem sabem que existe no país rendido ao bipartidarismo - convocou protestos contra a realidade política estadunidense.
Os atos foram realizados com a coordenação de diversas organizações socialistas, como os Socialistas Democráticos da América (em inglês: Democratic Socialists of America, DSA), o Partido para o Socialismo e a Libertação, o Fórum Popular, o CODEPINK e o Movimento da Juventude Palestina, bem como com grupos centristas como a Marcha das Mulheres.
Ao Brasil de Fato, Luisa Martínez, que integra o comitê político nacional do DSA, declarou que durante este novo mandato de Trump, que vai até 2028, a organização terá algumas bandeiras como oposição ao governo do magnata, sendo a proteção dos migrantes - alvo de ameaças da deportação em massa - uma das principais.
“Revivemos o subcomitê centrado nos direitos dos imigrantes do DSA e estamos encorajando as demais organizações a trabalhar por essa comunidade, para proclamar que se o capital pode mover-se através das fronteiras, então as pessoas também podem”, defendeu.
Segundo Martínez, “a culpa não deve ser colocada nos indivíduos que procuram entrar, alguns dos quais arriscaram as suas vidas para imigrar para os Estados Unidos, mas sim no imperialismo e na política externa estadunidense” que impõe sanções ilegais em países como Cuba e Venezuela, expulsando seus cidadãos - que saem em busca de condições melhores de vida devido à guerra econômica.
Durante seu discurso de posse, Trump agradeceu a “tremenda confiança” que a comunidade negra e latino-americana demonstrou a ele com “seu voto” nas eleições presidenciais, de modo que prometeu “trabalhar” com as comunidades durante seu governo.
Na visão de Martínez, “é difícil saber com certeza sempre que Trump diz alguma coisa”, por isso, o DSA terá como foco suas ações.
“O nosso trabalho como socialistas é trabalhar com outros grupos e demonstrar a mais ampla resistência possível às políticas do seu gabinete. Precisamos recrutar as mesmas pessoas negras e latino-americanas que foram atraídas por Trump porque estão frustradas com políticos mortos como Biden e a desilusão histórica de Kamala Harris” pela perda eleitoral.
“Destacamos frequentemente que o presidente [Barack] Obama (2009-2017) deportou quatro milhões de pessoas, ao ponto de ter sido chamado de “deportador chefe” por grupos de direitos dos imigrantes”, revela.
Contudo, um dos principais riscos que as organizações de esquerda podem sofrer durante o mandato de Trump é a aprovação do projeto de lei H.R. 9495 pela Câmara dos Representantes, que conta com a maioria republicana.
O projeto prevê que o Departamento do Tesouro tenha o poder de retirar o estatuto de isenção fiscal a organizações sem fins lucrativos, como a DSA, se o governo considerá-las um adversário político.
Apesar da ameaça, a integrante do DSA declarou que a esquerda “continuará a apresentar uma alternativa política não apenas a ele, mas ao sistema bipartidário” que conduz o país.
Edição: Leandro Melito