Ser eleita como a primeira vereadora do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio de Janeiro não é uma vitória minha. É uma vitória da luta popular, dos movimentos sociais e de quem acredita na política como ferramenta de transformação. O MST sempre esteve na linha de frente na luta por justiça social, e agora chegamos à Câmara Municipal do Rio com a responsabilidade de travar esse combate no parlamento.
Sabemos que lutar contra o bolsonarismo e as ideias de extrema direita na cidade ainda é uma tarefa! Temos o dever de enterrar o fascismo na política e na sociedade. Para isso, precisamos construir uma frente ampla, unindo todos os setores democráticos, mas combinada a uma frente popular, construindo força social de esquerda a partir da organização popular. Não podemos abrir mão da defesa da classe trabalhadora.
Acreditamos muito num mandato popular e participativo! Quer dizer, eu nunca pensei em ser candidata. Foi uma deliberação coletiva do MST para contribuir no fortalecimento de um projeto popular para o Rio de Janeiro. Por isso, estamos apostando em uma metodologia de mandato de poder compartilhado, com uma direção política coletiva que contribua para desconstruir o personalismo, afinal, o nosso debate é de projeto!
Vamos trabalhar prioritariamente pela soberania alimentar. Nosso norte é o combate à fome, com alimentos saudáveis.
A luta por segurança alimentar está na pauta da cidade. São 2 milhões de pessoas em insegurança alimentar, e 500 mil pessoas com fome. Vamos trabalhar para construir políticas que combatam a fome, que garantam cozinhas solidárias, refeições nas escolas e alimentos saudáveis nas mesas das famílias cariocas, hortas e a retomada dos Restaurantes Populares. É possível combater a fome com comida de verdade, valorizando a agroecologia.
Vamos defender a educação pública, de qualidade, com valorização dos profissionais da educação, fortalecer a cultura e proteger os territórios periféricos, porque a cultura é a alma do nosso povo. A cidade do Rio precisa de políticas que cheguem a quem mais sofre com a desigualdade.
Algo muito importante para mim é contribuir para a luta da juventude! Tenho 29 anos e fui dirigente do Levante Popular da Juventude durante muito tempo. Tenho compromisso com os movimentos de juventude. Nesse sentido, aposto no espírito coletivo da juventude.
Na contramão do neoliberalismo, a coletividade é a saída para fortalecer a participação popular.
A cultura organiza a juventude! Por isso, apostar nessa ferramenta, nas rodas de rap, batalhas de rima, é fundamental. O desemprego atinge 1/4 dos jovens na cidade. Todo o debate da escala 6x1 tem no centro a juventude preta e favelada, que vive essa realidade. Por isso, a luta da juventude hoje é por emprego, renda e vida.
Este mandato estará sempre de portas abertas. Vamos construir com o povo, a partir de diálogo, mobilização e participação. Nossa política não cabe apenas em gabinetes: está nas ruas, nas cozinhas, nas escolas e nas favelas. É assim que a gente vai caminhar: conversando, lutando e transformando a cidade do Rio.
*Maíra do MST é historiadora e vereadora diplomada pela cidade do Rio de Janeiro para a legislatura 2025-2029.
**Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato RJ.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Jaqueline Deister