"É o caso isolado número 10 milhões", denunciou o rapper Eduardo Taddeo, tio de Gabriel Renan da Silva Soares, jovem assassinado por um policial militar com oito tiros pelas costas em uma loja Oxxo, no dia 3 de novembro.
Taddeo esteve diante do Theatro Municipal de São Paulo, no centro da capital paulista, na noite desta quinta-feira, junto de manifestantes, movimentos populares e familiares de vítimas da violência policial. Na manifestação, organizada pelo Movimento Negro Unificado (MNU), os participantes relembraram os crimes cometidos pela Polícia Militar.
"Nenhum país do mundo se mata tanto jovem negro, em nenhum país do mundo tem uma política explicitamente racista, explicitamente voltada para massacrar a juventude pobre, negra e periferizada", ressaltou Taddeo, que celebrou a prisão preventiva do policial acusado de matar Gabriel, decretada nesta quinta-feira.
Nos cartazes e discursos, os manifestantes pediam pela saída de Guilherme Derrite do cargo de secretário de Segurança Pública do estado.
"É evidente que o Secretário de Segurança Pública tá comandando uma polícia que tá virando cada vez mais uma máquina de matar contra o povo preto", ressaltou Luana Alves (Psol), vereadora de São Paulo.
De acordo com um levantamento do Ministério Público de São Paulo, do início de janeiro ao dia 3 de dezembro deste ano, 712 pessoas foram mortas por policiais militares no estado, o que revela uma escalada da violência policial. O número é 74% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 409 pessoas foram assassinadas. Até o final de 2023 foram contabilizadas 460 ocorrências desse tipo.
"A gente tem um problema estrutural da polícia de São Paulo. Ela é uma instituição que coloca a população da periferia como inimiga, como adversária", diz Alves.
Em um caso recente, na última segunda-feira (2), um policial foi filmado arremessando um homem de uma ponte no bairro Cidade Ademar, na zona sul da capital paulista. No dia 29 de outubro de 2024, Ryan Gabriel dos Santos, de 4 anos, foi atingido por disparos de arma de fogo durante uma abordagem policial na zona sul de São Paulo. O estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22 anos, também é mais uma vítima da violência policia, assassinado no dia 20 de novembro.
"Se hoje estamos aqui, nesse dia de manifestação, comemorando porque saiu a prisão preventiva [do policial que matou Gabriel], é porque a gente não deixou pra lá. E não deixar para lá não é só pelo Gabriel. É para preservar a vida dos outros. É para mostrar que a vida da favela importa, que ninguém é número estatístico", finaliza Taddeo.
Edição: Thalita Pires