8 tiros

Justiça de São Paulo acata pedido de prisão de PM que atirou em jovem no Oxxo

Decisão foi tomada nesta quinta-feira (5), aceitando solicitação do Ministério Público

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Loja Oxxo na av. Cupucê seguiu funcionando normalmente com corpo de Gabriel Renan na calçada, após ser morto por PM Vinicius Britto - Reprodução

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) aceitou, nesta quinta-feira (5), o pedido do Ministério Público (MP) e decretou a prisão preventiva do policial militar (PM) Vinicius de Lima Britto. Ele foi filmado executando um homem negro com oito tiros pelas costas em uma loja Oxxo, no dia 3 de novembro. Morto aos 26 anos, Gabriel Renan da Silva Soares é sobrinho do rapper Eduardo Taddeo, fundador do grupo Facção Central.  

No documento, a juíza Michelle Porto de Medeiros Cunha Carreiro afirma que "as circunstâncias da infração, em especial diante da quantidade de disparos efetuada em via pública, são indicativas da periculosidade do agente". "Sua conduta, ainda que inserida em contexto de coibição de crime patrimonial (praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa, diga-se), excedeu em muito os limites de sua atividade, em flagrante deturpação da finalidade da Polícia Militar", segue o texto da decisão.

A juíza também determinou que a Polícia Militar forneça cópia do prontuário funcional completo de Britto – incluindo todos os seus exames psicológicos –, seus antecedentes criminais, o laudo de exames necroscópico, de perícia da arma de fogo e das munições utilizadas no crime. 

Uma reportagem de O Joio e o Trigo apurou que Vinícius Britto foi reprovado no exame psicológico do concurso da PM em 2021, por ter demonstrado “descontrole emocional”. Prestou o concurso de novo e, então, passou. 

Na denúncia, a Promotoria acusa o policial de homicídio doloso, quando há intenção de matar, praticado de forma "exacerbada" e com "brutalidade". O texto do MP destacou ainda o histórico de violência do agente. "Em apenas 10 meses de atividade policial, já esteve envolvido em outras três mortes em circunstâncias semelhantes, o que demonstra sua alta periculosidade e o risco concreto que sua liberdade representa para a sociedade", discorre a denúncia feita contra Vinícius Britto. O PM é investigado também pelo assassinato, com diversos tiros, de outros dois homens desarmados em São Vicente (SP) em 2023. 

Os prints das imagens mostram que Britto atirou contra Gabriel pelas costas e, portanto, que ele mentiu no BO, foram revelados pelo Brasil de Fato em 6 de novembro, três dias após o episódio. O policial, porém, só foi afastado de suas funções nesta segunda-feira (3), quando os vídeos vieram à tona.  

Edição: Martina Medina