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Saiba quem é Hugo Motta, deputado que se consolida como favorito para suceder Lira na Câmara

Líder do Republicanos, parlamentar conta com apoio de oito partidos na disputa; eleição acontece em fevereiro

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
otta é deputado federal desde 2010 e se elegeu com 21 anos, idade mínima para o cargo - Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Candidato oficial de Arthur Lira (PP-AL) na disputa pela sucessão da presidência da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) conseguiu fortalecer sua candidatura ao longo desta semana a partir da composição de um arco de alianças que, até o momento, reúne oito partidos. Além da própria sigla do parlamentar, o grupo engloba MDB, Podemos, PP, PV, PCdoB, PT e PL, sendo estas últimas as legendas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Jair Bolsonaro, ambos protagonistas da polarização política ao nível nacional.

A jornada que fez com que ele conseguisse costurar uma rede de apoios com partidos de diferentes colorações políticas é marcada por uma característica costumeiramente associada ao deputado paraibano: Motta é tido como um parlamentar que consegue transitar entre diferentes núcleos políticos, à revelia das diferenças ideológicas mais acentuadas que haja entre eles.

Mais que isso, é tido como um parlamentar sempre próximo das figuras que detêm poder institucional. Hoje em seu quarto mandato de deputado federal, ele foi próximo de Eduardo Cunha [ex-presidente da Câmara cassado em 2016], Rodrigo Maia [presidente da Casa entre 2016 e 2021] e agora conta com as bênçãos de Lira, que ocupa o posto desde fevereiro de 2021, quando se elegeu em primeiro turno por ter o apoio de mais da metade dos deputados.

Hugo Motta é médico de formação e se elegeu pela primeira vez para a Câmara em 2010, aos 21 anos, idade mínima para se tornar deputado federal. Em sua primeira fase na Casa, atuou como membro do MDB, partido que teve destaque nas costuras pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016 e mesma sigla de Cunha. Em fevereiro de 2018, período da janela partidária, Motta migrou para o PRB, de onde saiu em 2019 para compor os quadros do Republicanos, cuja bancada o parlamentar lidera atualmente na Câmara.

A sigla tem 44 deputados e é uma das principais do chamado centrão, segmento legislativo que reúne um conjunto de partidos alinhados à cartilha econômica da direita liberal, com alguns deles mais ou menos distantes de pautas reacionárias, a depender de cada contexto. O Republicanos também integra, em conjunto com com as siglas MDB, PSD e Podemos, um bloco montado no início do ano para tratar da articulação e da divisão de cargos no âmbito interno da Câmara. É o segundo maior bloco da Casa – o primeiro contém oito legendas, entre elas o PP de Lira e o União Brasil, sigla de Elmar Nascimento (BA), que figura como um dos candidatos à sucessão do pepista.

Tal qual Arthur Lira, Motta é apontado como um parlamentar pouco midiático, distante de jornalistas e com postura mais concentrada em articulações de bastidor. Além de ter sido próximo de Eduardo Cunha, Rodrigo Maia e agora do atual presidente da Câmara, o paraibano tem boas relações com outros personagens com influência no jogo político nacional. Um deles é o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, ex-ministro de Bolsonaro e uma das figuras mais vocais da oposição a Lula no Congresso. O líder do Republicanos também tem trânsito com alguns personagens do primeiro escalão da gestão do PT, como os ministros das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e da Fazenda, Fernando Haddad.

Hugo Motta vem de uma família de políticos e é filho do prefeito de Patos (PB), Nabor (Republicanos), que se reelegeu este ano em primeiro turno. Também foi o candidato a deputado mais votado em 2022 na Paraíba, com mais de 158 mil votos. O parlamentar preside o Republicanos no estado e acumula ainda a função de vice-presidente nacional do partido.

Em sua trajetória legislativa, o deputado teve com um dos destaques o voto pelo impeachment de Dilma, em abril de 2016, sob o discurso de que "estaria convicto ainda mais da necessidade de uma união nacional depois desse processo". Um ano antes, em 2015, ele presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que teve como principal foco o desgaste do governo Dilma e alimentou as diferentes quedas de braço que precederam o impeachment.

Edição: Thalita Pires