A deputada federal Sâmia Bomfim (Psol) e a deputada estadual Mônica Seixas (Psol-SP) protocolaram um ofício pedindo atenção às investigações sobre o caso de violência policial em um velório na cidade de Bauru (SP).
No dia 18 de outubro, cinco Policiais Militares (PMs) entraram no local onde familiares e amigos velavam os corpos de Guilherme Alves de Oliveira, 18, e Luís Silvestre da Silva Neto, 21, mortos em uma operação da PM. Os oficiais tentaram prender o irmão de Guilherme, alegando desacato. Nilceia Alves, mãe de Guilherme, tentou impedir a ação e foi agredida pelos PMs. Imagens mostram a mulher sendo arrastada e jogada ao chão, batendo contra um pilar. Amigos e outros familiares que tentaram intervir também foram atingidos com cassetetes.
As violências foram gravadas por pessoas que estavam no local. Com a divulgação das imagens, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou ter instaurado um inquérito para "apurar a conduta dos policiais envolvidos e adotar todas as medidas cabíveis".
"Diante de tamanha desproporção da ação policial e da preocupação com a proteção dos familiares e da comunidade que testemunhou o ocorrido, é fundamental a garantia de uma investigação minuciosa para garantir a proteção dos direitos humanos e a integridade dessas pessoas", informa o documento assinado pelas deputadas.
O ofício foi encaminhado à ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania Macaé Evaristo; à defensora pública coordenadora do Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos (NCDH) da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Fernanda Penteado Balera; e à ouvidora nacional de Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Denise Antônia de Paulo.
As deputadas pedem às destinatárias que "se destine devida atenção ao caso relatado para que, em diálogo com a Ouvidoria da Polícia Militar de São Paulo, sejam salvaguardados os direitos humanos e a integridade dos familiares violentados neste lamentável episódio".
O caso
Os jovens foram assassinados no dia 17 de outubro, em uma operação da PM no Jardim Vitória, bairro periférico de Bauru.
De acordo com a versão policial, os jovens teriam atirado contra os agentes e foram mortos no confronto. As famílias contestam e alegam que os eles estavam desarmados.
No dia seguinte, o grupo de policiais foi até o velório, realizado no Cemitério Cristo Rei, em Bauru. Ao questionar a presença dos oficiais no local, o irmão de Guilherme foi agredido com um mata-leão. Ao intervir, a mãe, Nilceia, foi arrastada pelos cabelos e jogada no chão. Antes disso, um homem presente na cerimônia foi agredido com cassetete. As filmagens circularam nas redes sociais. Um dos policiais envolvidos na agressão foi afastado das atividades operacionais.
Edição: Martina Medina