ATAQUE NO NORTE

Bombardeio de Israel na Faixa de Gaza mata quase cem palestinos

No mesmo ataque, 40 pessoas ficaram feridas; no campo de Jabalia, outras 40 morreram

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Campo de Beit Lahia, na região norte da Faixa de Gaza, que também foi alvo de ataques do exército israelense. - AFP

Um bombardeio do exército israelense matou, na madrugada desta terça-feira (29), quase 100 pessoas no norte da Faixa de Gaza, onde Israel intensificou ainda mais as suas operações aéreas e terrestres na região.

O ataque contra um prédio residencial em Beit Lahia deixou 93 mortos e 40 desaparecidos, disse o porta-voz da agência de Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal.

"A maioria das vítimas eram mulheres e crianças. As pessoas tentaram salvar os feridos, mas não há hospitais ou cuidados médicos adequados", disse Rabi al-Shandagog, uma testemunha de 30 anos que se refugiou em uma escola próxima. Quase todos os hospitais da região norte da Faixa de Gaza foram bombardeados, e não funcionam com energia e suprimentos necessários para tratamentos.

O exército israelense afirmou que estava examinando as informações sobre o ataque. Por outro lado, reivindicou ações no setor próximo do campo de refugiados de Jabalia, que mataram cerca de 40 pessoas.

Desde 6 de outubro, as tropas israelenses implementam uma nova ofensiva no norte de Gaza, onde garantem que os combatentes do Hamas estão se reagrupando. Sua operação causaram o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas e, segundo a Defesa Civil palestina, centenas de mortos.

A guerra, iniciada há mais de um ano em Gaza pelo ataque do Hamas contra Israel, foi ampliada em setembro para o Líbano, onde o Exército israelense luta contra o Hezbollah, um aliado do movimento palestino e também apoiado pelo Irã.

Israel enfrenta uma onda de rejeição internacional após o Parlamento israelense (Knesset) aprovar, na última segunda-feira (28), uma lei que proíbe a agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) de trabalhar em seu território. A medida viola tratados internacionais, e direitos humanos, dos quais Israel é signatário, dizem especialistas.

Momento mais perigoso em décadas

Segundo alerta de Tor Wennesland, enviado das Nações Unidas para a região pelo Conselho de Segurança da ONU, o Oriente Médio vive "o momento mais perigoso" em décadas.

Os ataques incessantes de Israel já mataram mais de 43 mil palestinos, majoritariamente civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

As tropas israelenses e os combatentes libaneses do Hezbollah começaram a trocar disparos na fronteira entre os dois países em 8 de outubro de 2023, o que forçou milhares de moradores dos dois lados a fugir.

A relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos ocupados, Francesca Albanese, também acusou Israel de buscar a "erradicação dos palestinos" por meio do "genocídio". A especialista tem mandato do Conselho de Direitos Humanos, mas não fala em nome da ONU.

Ela disse que "o genocídio da população palestina parece ser o meio para alcançar um fim: a completa expulsão ou erradicação dos palestinos da terra que é parte essencial de sua identidade, e que Israel cobiça ilegal e abertamente".

Novo líder do Hezbollah

O movimento libanês Hezbollah anunciou que seu número dois, Naim Qassem, vai suceder Hassan Nasrallah, assassinado em 27 de setembro em ataque israelense no sul de Beirute.

Qassem, 71 anos, foi um dos fundadores do Hezbollah em 1982 e era o vice-secretário-geral do movimento político-militar desde 1991, um ano antes de Nasrallah assumir a liderança. Ele nasceu em Beirute em 1953, em uma família procedente de Kfar Fila, na fronteira com Israel.

"O Conselho da Shura (órgão dirigente do movimento) concordou em eleger o xeque Naim Qassem como secretário-geral do Hezbollah", afirma um comunicado.

Segundo dados oficiais, a ofensiva do último mês deixou mais de 1.700 mortos no Líbano. O Ministério da Saúde libanês afirmou que cinco pessoas morreram e 10 ficaram feridas em um bombardeio israelense contra a cidade de Tiro, no sul do Líbano na segunda-feira (28).

*Com AFP

Edição: Leandro Melito