Guilherme Boulos (Psol) explorou denúncias de corrupção contra Ricardo Nunes (MDB) e sua ligação com seus padrinhos políticos no último debate antes do segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo, realizado pela TV Globo na noite deste sábado (25).
Assim como ocorreu nos dois debates anteriores, realizados pela TV Bandeirantes e pela TV Record, Boulos desafiou Nunes a abrir seu sigilo bancário para provar que não há enriquecimento ilícito.
"Em novembro de 2020 foi aberto o inquérito da máfia das creches. Você faz parte dele? Num debate anterior, eu te perguntei, depois de muita insistência, você acabou admitindo que recebeu dois cheques de uma das pessoas investigadas na máfia das creches", disse o candidato do Psol. "Você dizia que foi por um serviço prestado pela sua empresa de dedetização, Nikkei. Se for um serviço prestado pela empresa, por que que foi recebido na sua conta pessoal do Santander e não na conta da empresa? Essa pergunta foi feita a você pela Polícia Federal num depoimento e você não respondeu", completou Nunes.
"Como eu não tenho nada para esconder, porque eu não tenho, nunca tive um indiciamento, nunca tive nenhuma condenação. O que tem da investigação do Ministério Público, o relato é de que foi investigado, inclusive a quebra do meu sigilo do Coaf, e não foi identificado nada, porque eu não devo nada", respondeu Nunes.
"Várias situações que não estão esclarecidas estão sendo investigadas, sim, por Polícia Federal, por Polícia Civil. E te desafiei, já que você está se dizendo transparente, uma pessoa correta, honesta, abrir o seu sigilo bancário também. Não para mim, para o povo de São Paulo. Por que você não abre seu sigilo bancário?", Boulos voltou à carga.
"Sabe quem disse isso [que Nunes está sendo investigado]? Seu advogado, nós vamos subir na nossa rede social, porque eu não posso mostrar aqui." "É diferente dele", provocou Boulos. "Eu sei andar de bicicleta sem rodinha, então não preciso ficar lendo as coisas. O Ricardo parece aquela criança que anda de bicicleta, uma rodinha é o Tarcísio, outra é o Bolsonaro, se não tiver ele cai."
O atual prefeito voltou a responder que não tem indiciamento nem condenação e afirmou que Boulos tem "dor de cotovelo porque eu fiz um trabalho importante".
Em outro momento, Boulos questionou Nunes sobre sua relação com Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Siurb). Ele é irmão de Ana Maria Olivatto, ex-companheira de Marco Willians Herba Camacho, o Marcola, líder do PCC preso desde 1999. Olivatto é servidor de carreira do município desde 1988, mas ganhou um cargo comissionado na gestão atual.
Em matéria publicada no dia 17 outubro, o UOL publicou um vídeo que mostra Olivatto pedindo votos para o prefeito Ricardo Nunes (MDB) em uma reunião com funcionários da Potenza Engenharia na última sexta (11), na zona norte de São Paulo.
"Eu te pergunto de maneira muito objetiva, não fuja dessa vez. Por que você indicou o cunhado do Marcola, do PCC para cuidar das obras da prefeitura e fica falando aqui de segurança e de polícia?"
Em resposta, Nunes afirmou que Olivatto passou por diversas gestões na prefeitura. "Esse rapaz entrou em 1988 por concurso, passou pela gestão da Erundina, passou pela gestão da Marta, passou pela gestão do Haddad, como passou pela gestão do Bruno. Passou pela gestão do Dória, passou pela gestão do Kassab, do Serra, enfim", disse.
"O Ministério público propôs investigação contra vocês dois [Nunes e Olivatto] por assédio eleitoral, porque ele está fazendo campanha para você, pressionando funcionários de empresa contratada da prefeitura", retrucou Boulos.
"Esse é o problema de ter um prefeito fraco, que não tem pulso. Aconteceu isso no Rio de Janeiro, quando tinha governo fraco. A milícia foi tomando conta, extorquia comerciantes, cobrava taxa de segurança. Esse é o risco que você representa", disparou o psolista.
Edição: Rodrigo Chagas