No último debate antes do segundo turno da eleição para a prefeitura de São Paulo, realizado pela Rede Globo na noite desta sexta-feira (25), Guilherme Boulos (Psol) questionou Ricardo Nunes (MDB) sobre as privatizações da Sabesp, da Enel e do serviço funerário da cidade. O psolista afirmou que o atual prefeito não agiu com firmeza durante o apagão na cidade e que apoiou a venda da Sabesp para angariar o apoio eleitoral do governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
"A questão da Sabesp é fundamental para poder universalizar o saneamento na cidade de São Paulo. Em todo o estado de São Paulo são R$ 68 bilhões de investimento. Até 2029 nós teremos toda a cidade de São Paulo com o serviço", disse Nunes.
No entanto, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), José Faggian, lembrou, em reportagem do Brasil de Fato, que a Sabesp já tinha planos para alcançar as metas de universalizção do serviço até 2033, sem a necessidade de privatização. "A Sabesp reinveste 75% do seu lucro anual para expansão da rede. Distribui o restante ao governo e outros acionistas", explicou Faggian. "Se querem antecipar as metas, é só reinvestir mais do lucro. A empresa tem capacidade financeira e operacional para isso."
Boulos centrou as críticas especialmente na concessão do serviço funerário. "Queria falar da privatização dos cemitérios, que tem custado muito ao povo de São Paulo. Queria te fazer uma pergunta muito objetiva, me responda se você souber: você sabe quanto custa para uma família fazer uma oração na capela de um cemitério dos cemitérios que você privatizou?"
Nunes não respondeu diretamente à pergunta, mas defendeu a privatização. "O serviço funerário era um dos piores serviços da prefeitura de São Paulo na avaliação dos usuários", disse, além de afirmar que o serviço sofria com corrupção.
O candidato do Psol insistiu na pergunta sobre o custo para o uso da capela nos cemitérios. Nunes chamou a pergunta de "pegadinha". Boulos, então, afirmou que uma das concessionárias cobra R$ 560 para o serviço.
Histórico do serviço funerário
Os 22 cemitérios públicos de São Paulo, além do crematório da Vila Alpina (na zona leste), passaram a ser administrados pela iniciativa privada em março de 2023. A concessão vai durar 25 anos, e os blocos são operados por quatro concessionárias.
Após a concessão, os sepultamentos no município de São Paulo ficaram cerca de 11 vezes mais caros. Reportagem do Brasil de Fato mostrou que os preços mais baixos para sepultar um ente querido vão de R$ 3.250 a R$ 4.613,25, segundo valores de janeiro de 2024, a depender da empresa que oferece o serviço.
Antes da privatização, era possível pagar R$ 289,35, segundo dados do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), com os seguintes serviços inclusos: caixão, carro para enterro, carro para remoção, enfeite floral, paramentos, mesa de condolência, véu, velas, velório, taxa de sepultamento e fundo impermeável.
Edição: Thalita Pires