MINAS GERAIS

Atual prefeito de Belo Horizonte vai enfrentar candidato do PL no segundo turno

Bruno Engler foi o mais bem votado, com 34,37%, enquanto o prefeito Fuad Noman, 26,48%

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Eleitores voltarão às urnas em 27 de outubro para escolher entre Fuad Noman (PSD) e Bruno Engler (PL) - Reprodução/Facebook

Após disputa acirrada, Belo Horizonte definiu, neste domingo (6), os candidatos que irão se enfrentar em segundo turno, em 27 de outubro. O economista e atual prefeito, Fuad Noman (PSD), obteve 26,47% dos votos válidos, contra 34,37% do deputado estadual Bruno Engler (PL).

Mauro Tramonte (Republicanos), com 15,21%, ficou em terceiro lugar e, embora tenha deixado a disputa indefinida na maior parte da apuração, não conseguiu avançar para o segundo turno.

Em seguida, vieram Gabriel Azevedo (MDB), com 10,59% Duda Salabert (PDT), com 7,68%; Rogério Correia (PT), com 4,4%; Carlos Viana (Podemos), com 1%; Indira Xavier (UP), com 0,19% Wanderson Rocha (PSTU), com 0,05%, e Lourdes Francisco (PCO), com 0,02%.

A coligação do atual prefeito reuniu, além do PSD, o Solidariedade, União Brasil, PRD, Agir, Avante, Federação PSDB Cidadania. Na coligação Coragem para Mudar, Engler reuniu, além do PL, o PP. 

Perfis políticos

Natural de Belo Horizonte, Fuad Noman, de 77 anos, é economista e servidor de carreira do Banco Central. Em 2020, foi eleito vice-prefeito e assumiu a gestão em definitivo em março de 2022, com a renúncia do titular, Alexandre Kalil.

Nascido em Curitiba, Bruno Engler tem 27 anos e coordena o Movimento Direita Minas. Surfando na onda bolsonarista, foi eleito deputado estadual de Minas Gerais em 2018, cargo que ocupa até o momento. 

Derrota para a justiça social 

Em sua atuação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o deputado estadual Bruno Engler (PL) se destaca como parte de uma direita conservadora.

Pesquisadores mineiros ouvidos recentemente pelo Brasil de Fato MG ressaltam os riscos que a candidatura de Engler representa para as políticas de justiça social promovidas em Belo Horizonte, por defender o avanço de ações de favorecimento do mercado privado. 

Para Luiza Aikawa, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre a Mulher (Nepem), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), se o candidato do PL for eleito, a população pode esperar retrocessos no que tange a ações afirmativas e que buscam consolidar os direitos da população LGBTI+, negra e das mulheres.

Já na avaliação de Leonardo Avritzer, cientista político e professor da UFMG, “Engler pode ser a primeira administração que realmente coloca o problema da exclusão das minorias, de uma homofobia mais explícita, seja nas políticas educacionais, seja em algumas outras políticas importantes”. 

Berço de políticas progressistas

Embora tenha sido invadida nos últimos anos por uma onda conservadora e neoliberal, a capital mineira traz consigo um histórico de políticas públicas progressistas voltadas à promoção da cidadania, a exemplo do Orçamento Participativo (OP), dos Restaurantes Populares e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

O auge desses avanços ocorreu na década de 1990, quando a cidade pôde experimentar as gestões petistas de Patrus Ananias (1993-1996), hoje deputado federal; e de Célio de Castro (1997-2000).

Nas últimas eleições presidenciais, contudo, Belo Horizonte votou majoritariamente no candidato da extrema direita, Jair Bolsonaro (PL). Algo similar tem ocorrido nos demais pleitos realizados na capital mineira, que hoje possui representantes da direita tanto na prefeitura (Fuad Noman, do PSD), como no governo do estado (Romeu Zema, do Novo).

Para as eleições deste ano, parte do eleitorado progressista demonstrou ter se dividido entre as candidaturas de esquerda, com Rogério Correia (PT), de centro, com Duda Salabert (PDT), e até da direita, com Fuad Noman (PSD).

Edição: Rodrigo Chagas