Cerca de 150 pessoas realizaram uma manifestação na noite desta terça-feira (1) contra as obras do túnel Sena Madureira, que integra o Complexo Viário Sena Madureira, em São Paulo.
O grupo se encontrou na subprefeitura de Vila Mariana para uma reunião com representantes da Secretaria dos Transportes da prefeitura comandada por Ricardo Nunes (MDB). O encontro, no entanto, foi desmarcado em cima da hora e os moradores partiram para a avenida Sena Madureira, onde bloquearam a via.
Os manifestantes denunciam os impactos sociais e ambientais da obra. "O túnel é uma obra que foi licitada em 2011, depois foi parada pelo Ministério Público, ficou mais de uma década parada e o Nunes recuperou sem reavaliar os impactos", diz Rafael Calabria, especialista em Mobilidade Urbana e morador da região. "Vão cortar árvores muito antigas", lamenta.
De acordo com Calabria, o projeto inclui a derrubada de 320 árvores para a construção da entrada do túnel. Algumas já foram cortadas.
O empreendimento impactará também na remoção dos moradores da comunidade Souza Lima. Mais de 500 pessoas podem ser removidas das suas casas. "A casa que eu tenho é tudo o que eu tenho na vida", lamenta a aposentada Rosália Maria Luciano, moradora da comunidade, em entrevista à Rede TVT. Os moradores dizem não ter sido avisados sobre o início das obras.
De acordo com nota publicada no site da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a prefeitura deu início às obras no dia 16 de setembro. O projeto é composto por dois túneis, com total de 1.651 metros de extensão. O túnel norte tem início na rua Sena Madureira, na altura da rua Botucatu. Já o túnel sul terá início na mesma via, próximo à rua Mairinque.
Em resposta ao Brasil de Fato, a Prefeitura de São Paulo diz que as famílias residentes na área de intervenção das obras têm direito ao atendimento habitacional definitivo pela Secretaria Municipal de Habitação. "Na próxima semana, a equipe social realizará uma reunião com a comunidade para dar detalhes desse atendimento. Durante o processo de cadastro e selagem dos imóveis, as famílias poderão optar entre a indenização de seus imóveis ou a realocação em uma nova unidade habitacional", informa a prefeitura, por e-mail.
A Prefeitura de São Paulo informa ainda que a obra cumpre todas as exigências relativas a questões ambientais e beneficiará mais de 800 mil pessoas que circulam na região diariamente. De acordo com a nota enviada à reportagem, a intervenção foi retomada neste mês após consulta técnica ao Tribunal de Contas do Município (TCM). O contrato de licitação estava suspenso havia 13 anos. A obra possui Projeto de Compensação Ambiental (PCA), teve os valores e licenciamentos atualizados e conta com uma nova avaliação de impacto à vizinhança e Termo de Permissão para Ocupação de Vias Públicas, entre outras autorizações e licenças. A previsão é que a obra seja entregue até setembro de 2025.
*Atualizado em 2 de outubro, às 14h55
Edição: Nicolau Soares