O primeiro bloco do debate organizado pela TV Record foi marcado por ataques à gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que indagado sobre escândalos e índices de seu governo, preferiu não responder.
“A gente está com o pior resultado do Ideb da história da educação, em São Paulo”, começou o candidato Pablo Marçal (PRTB), que perguntou ao prefeito. “O que você não fez não é que ou o que você fez de errado? O que você tem que corrigir que você errou?”
Nunes não admitiu erros de sua gestão e Marçal voltou a atacá-lo durante a réplica. “E esse desvio de merenda? Não quero ser injusto com você, mas como eu estou acompanhando bem próximo, existem lá pagamentos no seu nome, pagamentos no nome de familiar, e eu queria que você desse explicação.”
Mais uma vez, Nunes não respondeu. Agora, decidiu atacar Marçal. “Quem foi preso foi você. A minha vida é limpa e continuará limpa para sempre. Eu nunca tive o indiciamento, nunca tive uma condenação e não terei. Porque o meu passado é um passado honrado, o meu presente é um presente honrado e o meu futuro continuará honrado”, afirmou o prefeito.
Depois, foi a vez de Guilherme Boulos (Psol), levantar denúncias de corrupção na administração de serviços públicos. "A prefeitura, o prefeito perdeu o controle da cidade. Não é à toa que existe hoje uma investigação envolvendo a máfia das creches. Na prática, é seu filho, sua filha, que é prejudicada porque não é a mesma qualidade, porque não é a mesma merenda, porque está faltando o mesmo padrão."
Gestão marcada por denúncias
A gestão de Nunes é marcada denúncias sobre possíveis casos de corrupção. Em que pese a negativa da Prefeitura, o aumento de contratos emergenciais dá o tom da gestão Nunes. Entre 2021 e o final de 2023, R$ 4,9 bilhões teriam sido gastos dessa forma, segundo levantamento do UOL.
A critério de comparação, a gestão de Kassab gastou R$ 116 milhões em obras emergenciais e a de Haddad R$140,7 milhões. A prática é alvo do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP), que, em 2023, constatou “emergências fabricadas” e superfaturamento milionário. O tribunal também afirma que essas obras podem ser ineficientes ao não apontarem soluções duradouras e gerarem “ciclo vicioso” de obras emergenciais.
A gestão Nunes também teria beneficiado uma empresa do compadre do prefeito entre dezembro de 2021 e agosto deste ano, com contratos que somaram R$ 31,4 milhões. A DPT Engenharia e Arquitetura LTDA foi contratada com dispensa de licitação para realizar obras emergenciais.
A empresa pertence ao engenheiro civil e arquiteto Pedro José da Silva Junior, filho de Pedro José da Silva, compadre de Nunes. Ele também já coordenou o gabinete da liderança do MDB na Câmara dos Vereadores entre 2013 e 2016, período em que Nunes era vereador e líder do partido na Casa.
Outra denúncia mostra que a Prefeitura teria comprado armadilhas contra o mosquito Aedes aegypti por R$ 400, sendo que o mesmo equipamento é oferecido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) por R$ 10. No total, foram gastos R$ 19 milhões para comprar 20 mil unidades da empresa holandesa In2care. À imprensa, o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Luiz Carlos Zamarco, afirmou desconhecer o produto brasileiro.
A prefeitura também virou alvo de um inquérito sobre o suposto superfaturamento na compra de garrafas d’água para o carnaval deste ano, por R$ 5,52 cada garrafa pet de 500ml, em um contrato de 252 mil unidades. Porém, o valor de mercado gira em torno de R$ 1,95 por unidade. Em nota enviada ao Brasil de Fato, o governo municipal informou que "vai prestar os esclarecimentos necessários no tempo devido".
Somam-se a esses casos o possível envolvimento de Ricardo Nunes na chamada máfia das creches, um esquema descrito pela Polícia Federal como "complexo esquema de desvio de valores públicos" que movimentou R$ 1,5 bilhão e culminou no indiciamento de 111 suspeitos.
Edição: Rodrigo Chagas