O ataque de Israel que matou Sayyed Hassan Nasrallah, líder Hezbollah, no Líbano, pode levar a uma escalada da violência no Oriente Médio. O vice-presidente do Irã, Mohammad Reza Aref, já declarou que a “injusta” ação israelense pode levar o país à “destruição”.
Irã é um país aliado do Hezbollah e do autodenominado "eixo de resistência", aliança que também inclui o Hamas, o governo da Síria e a milícia Houthi do Iêmen. Estudiosos do Oriente Médio acreditam que Israel hoje age justamente para provocar a entrada da república islâmica na guerra, o que provavelmente levaria a uma resposta dos EUA.
“O ataque é parte de uma estratégia mais ampla. As ações recentes devem ser vistas como uma tentativa de envolver diretamente o Irã no conflito e, assim, provocar um confronto direto entre EUA e Irã”, escreveu Fernando Brancoli, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Antes da morte de Hassan Nasrallah, os ataques entre Líbano e Israel já haviam se intensificado. Pagers e aparelhos de comunicação por rádio usados no Líbano explodiram simultaneamente, deixando mortos e feridos numa ação que aparenta ser coordenada por Israel. O Hezbollah respondeu lançando mísseis sobre Israel.
Brancoli afirmou que, em sua ofensiva, Israel não tem mirado somente as estruturas militares de seus adversários, “mas também a sociedade e as comunidades que os sustentam”. “Como já fez em Gaza, também atacará a infraestrutura civil. O objetivo é gerar pressão política”, acrescentou o professor.
O Hezbollah, no entanto, tende a responder mais cedo ou mais tarde, o que indica que ações israelenses não encerrarão o conflito. “O Hezbollah possui uma base consolidada e não deve abandonar suas atividades militares e políticas tão cedo”, prevê Brancoli.
Violência
Brancoli critica a violência das ações de Israel. Já Marcelo Buzetto, professor universitário e pesquisador das relações políticas do Oriente Médio, compara os ataques de Israel ao perpetuados pela Alemanha nazista pouco antes da Segunda Guerra Mundial.
“O caráter do governo de Benjamin Netanyahu [primeiro-ministro de Israel] é de ódio, de violência, de agressão”, criticou ele. “Israel hoje é como é algo parecido com governo nazista em ascensão.”
Segundo Buzetto, ataques israelenses já ocorreram também na Síria e Iraque. Só devem parar com uma ação militar contundente da comunidade internacional. “É preciso uma força militar para deter Israel”, disse.
Edição: Raquel Setz