No dia 4 de setembro de 2024, o jornal Folha de São Paulo publicou um editorial repleto de falsidades sobre Cuba e o sistema político, econômico e social que a maioria dos cubanos soberanamente escolheu.
Não surpreende que aqueles que defenderam ditaduras patrocinadas pelos Estados Unidos ou exibam sua admiração por Milton Friedman, difamem a Revolução Cubana.
A Revolução Cubana eliminou o analfabetismo; para todos e para o bem de todos, assegurou o direito universal à educação, à saúde, à cultura, ao desporto, bem como à moradia e à terra. Os seus cientistas desenvolveram cinco vacinas contra a covid-19, que imunizaram a população da ilha.
Cuba fez da prática coerente da solidariedade uma conduta. Mais de 3.000 cubanos deram a vida nos esforços de libertação em África. O fim do apartheid, a independência da Namíbia, a luta pela independência de Angola, viram cubanos e africanos lutarem juntos. Milhões de pessoas em todo o mundo aprenderam a ler e a escrever ou recuperaram a visão graças aos programas de colaboração cubanos. Os seus médicos enfrentaram o Ébola e a covid-19 em 42 países. Cuba formou 30 mil médicos de 105 países. Partilhamos o que temos, não o que nos sobra.
Por uma questão de decoro e de respeito pela verdade, um pouco de história: Em fevereiro de 1962, o Presidente J. Kennedy instituiu o bloqueio econômico, financeiro e comercial a Cuba que dura até hoje.
Em janeiro de 2021, 9 dias antes de deixar o cargo, Donald Trump incluiu Cuba na Lista de Países Patrocinadores do Terrorismo. No total, adotou 243 novas medidas de bloqueio contra Cuba.
Em 6 de abril de 1960, Lester D. Mallory, Secretário de Estado Adjunto para os Assuntos Interamericanos, definiu, num memorando secreto, a filosofia do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba:
“A maioria dos cubanos apoia Castro… a única forma previsível de diminuir o seu apoio interno é através do desencanto e da insatisfação decorrentes do mal-estar econômico e das dificuldades materiais… todos os meios possíveis devem ser rapidamente utilizados para enfraquecer a vida econômica de Cuba… uma linha de ação que, sendo tão hábil e discreta quanto possível, conseguirá os maiores avanços na privação de dinheiro e de fornecimentos a Cuba, para reduzir os seus recursos financeiros e salários reais, para provocar a fome, o desespero e a derrubada do Governo.”
Em novembro de 2023, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou por 187 votos a favor e 2 contra (EUA e Israel) a exigência de que o governo dos EUA levantasse o bloqueio a Cuba. Esta resolução tem sido adotada desde 1992 por uma maioria esmagadora. Não se trata da “esquerda continental”.
O bloqueio não é um pretexto, é uma realidade e o principal obstáculo ao desenvolvimento e ao bem-estar do povo cubano. O bloqueio nega o direito inalienável à autodeterminação. É uma política genocida destinada a provocar fome, privações de todo tipo, mal estar e desespero entre a população, com altíssimos custos humanos e materiais nos mais de 60 anos de sua impiedosa aplicação. Estados Unidos persegue toda atividade que possa gerar investimentos a Cuba. A Folha sabia que 350.000 cidadãos europeus foram formalmente notificados de que não poderão entrar nos Estados Unidos em função do Programa de Isenção de Vistos ESTA (Electronic System for Travel Authorization)? Seu crime: viajaram a Cuba como turistas.
Não é o governo cubano que é arcaico, é o bloqueio americano. A resistência do povo digno de Cuba com o apoio da solidariedade internacional prevalecerá.
* Este é um artigo de opinião e não necessariamente reflete a linha editorial do Brasil de Fato.
Edição: Lucas Estanislau