SUCESSO

Brasil confirma evolução e termina Jogos Paralímpicos no top 5 de medalhas pela primeira vez

Atletismo e natação são destaque na disputa; as duas modalidades celebram recordes históricos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Thiago Paulino conquistou a 200ª medalha de atletismo do país na história da competição - Wander Roberto/CPB

O Brasil encerrou a participação nas Paralimpíadas de Paris na 5ª posição no quadro geral de medalhas, batendo o próprio recorde de pódios e celebrando a melhor classificação na história da disputa. Foram 89 medalhas, sendo 23 de ouro, 25 de prata e 38 de bronze. O país superou o número de ouros em uma única edição. O recorde anterior, com 22 medalhas, foi registrado em Tóquio 2020.

As conquistas eram esperadas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que projetava bons números para essa competição. Nas últimas quatro edições, o país vinha se mantendo entre os dez melhores, o que permitiu ao CPB uma projeção otimista para esta campanha, conforme avalia Rafael Reis, especialista em esporte paralímpico e doutorando da Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

"Eles trabalham com alguns números, com as possibilidades, inclusive para os financiamentos dessas modalidades. Então, foi realmente mais ou menos como o comitê esperava", diz.  

Somado ao recorde de pódios, o Brasil celebra outras duas conquistas históricas. O país bateu a marca de 200 medalhas no atletismo, com a prata de Thiago Paulino no arremesso de peso; e 150 na natação, também com medalha de prata. Quem garantiu a conquista foi o nadador Gabriel Bandeira, na modalidade 100 metros costas. No total, o Brasil volta para casa com 35 medalhas de natação e 26 de atletismo.  

O destaque nessas duas categorias é um elemento que soma ao sucesso do país nos Jogos Paralímpicos de 2024, já que são esportes com um grande número de medalhas em disputa.

No entanto, além da quantidade final de pódios, o bom desempenho em diversas categorias também é uma conquista, diz Reis. O Brasil participou dos jogos com 280 atletas e conquistou pódio em 16 das 20 modalidades em que competiu.  No quadro geral, o país fica atrás de China (219 medalhas), Grã-Bretanha (124), Estados Unidos (104) e Países Baixos (55 medalhas, com apenas um ouro a mais que o Brasil). 

Reis afirma que, para além do sucesso esportivo, as Paralimpíadas impactaram os espectadores e geraram engajamento e discussões nas redes sociais. "A gente percebe a discussão acontecendo e nós estamos num fenômeno das redes sociais, então isso é muito perceptível", diz. "Esse é o legado intangível dos Jogos", acredita o pesquisador.

Brasil é potência

O Brasil se consolidou no top-10 das Paralimpíadas em Pequim 2008, quando terminou com 47 pódios – 16 ouros, 14 pratas e 17 bronzes –, na nona colocação. 

Em Londres 2012, o número de pódios diminuiu, mas o de ouros aumentou, e o país ficou na sétima colocação no quadro de medalhas (21 ouros, 14 pratas e 8 bronzes). Nos jogos do Rio, em 2016, o número de pódios teve um salto – foram 72 –, mas uma pequena queda no número de ouros deixou o país em oitavo. Já em Tóquio 2020, o país voltou à sétima colocação, com o mesmo número de pódios do Rio, mas um número recorde de ouros: 22.

De acordo com Rafael Reis, o cenário se explica por três fatores. Um deles é a fundação do CPB, em 1994, que permitiu uma centralização da organização e financiamento dos esportes paralímpicos. Além disso, o Brasil apresenta uma grande população - o que aumenta a chance da identificação de talentos - e determinantes sociais que aumentam no número de pessoas com deficiência. "Infelizmente sim, a pobreza, falta de desenvolvimento básico e de saneamento e violência fazem com que haja muitas pessoas com deficiência", explica Reis. 

A esse cenário se soma um financiamento robusto do esporte paralímpico, que tem como principais pilares a Lei Agnelo/Piva, que destina recursos das loterias para o esporte; a Lei de Incentivo ao Esporte, que permite renúncia fiscal por parte de empresas e pessoas físicas para beneficiar projetos esportivos; e o Bolsa Atleta, que garante remuneração direta a atletas em diferentes níveis da carreira.

Confira o quadro de medalhas do Brasil nos Jogos Paralímpicos de 2024 

OURO (23 medalhas) 

Atletismo (10) 
Ricardo Mendonça -100m T37 
Petrúcio Ferreira -100m T47 
Yetsin Jacques -1500m T11 
Julio Cesar Agripino -5000m T11 
Claudiney Batista -lançamento do dardo F56 
Jerusa Geber -100m T11 
Rayane Soares -400m T13 
Fernanda Yara -400m T47 
Elizabeth Gomes -lançamento de disco F54 
Jerusa Geber 100m T11 

Natação (7) 
Gabriel Araujo -50m costas S2 
Gabriel Araujo -100m costas S2 
Gabriel Araujo -200m livre S2 
Carol Santiago -50m livre S13 
Carol Santiago -100m livre S12 
Carol Santiago -100m costas S12 
Talisson Glock -400m livre S6 

Judô (4) 
Alana Maldonado -até 70kg J2 
Willians Araujo acima de 90kg J1 
Arthur Silva até 90kg J1 
Rebeca Silva acima de 70kg J2 

Taekwondo (1
Ana Carolina Moura -até 65kg 

Halterofilismo (2) 
Mariana D´Andrea -até 73kg 
Tayana Medeiros - até 86kg 

Canoagem (1) 
Fernando Rufino - 200m, classe VL2 

PRATA (25) 

Atletismo (11) 
Joeferson Marinho -100m T12 
Ricardo Gomes -200m T37 
Bartolomeu Chaves -400m T37 
Aser Ramos -salto em distância T36 
Thiago Paulino - arremesso do peso F57 
Rayane Soares -100m T13 
Thalita Simplício- 400m T11 
Zileide Silva - salto em distância T20 
Wanna Brito - arremesso do peso F32 
Elizabeth Gomes -arremesso do peso F54 
Raissa Machado -lançamento do dardo F56 

Natação (9) 
Phelipe Melo -50m livre S10 
Wendell Belarmino -50m livre S11 
Talisson Glock -100m livre S6 
Gabriel Bandeira -100m costas S14 
Cecilia Araújo -50m livre S8 
Patricia dos Santos -50m peito SB3 
Carol Santiago -100m peito SB12 
Debora Carneiro -100m peito SB14 
Revezamento 4x100m livre misto - 49 pontos 

Canoagem (2) 
Luis Cardoso -KL1 
Igor Tofalini - 200m, classe VL2 

Judô (2) 
Brenda Freitas -até 70kg J1 
Erika Zoaga - acima de 70kg J1 

Triatlo (1) 
Ronan Cordeiro - PTS5 

Tiro esportivo (1) 
Alexandre Galgani- Carabina 10m SH2 

BRONZE (38) 

Atletismo (14) 
Ariosvaldo Fernandes -100m T53 
Vinicius Rodrigues -100m T63 
Christian Costa -200m T37 
Julio Cesar Agripino -1500m T11 
Yeltsin Jacques -5000m T11 
Paulo Henrique -salto em distância T13 
Mateus Evangelista -salto em distância T13 
André Rocha -lançamento do disco F52 
Cicero Nobre - lançamento do dardo F57 
Lorena Spoladore -100m T11 
Veronica Hipolito -100m T36 
Maria Clara Augusto -400m T47 
Antonia Keyla Barros -1500m T20 
Giovanna Boscolo - lançamento de club F32 
Thomas de Moraes 400m T47 

Natação (10) 
Gabriel Bandeira - 100m borboleta S14 
Talisson Glock - 200m medley SM6 
Mariana Gesteira -100m livre S9 
Mariana Gesteira - 100m costas S9 
Beatriz Carneiro - 100m peito SB14 
Mayara Petzold - 50m borboleta S6 
Lidia Vieira - 150m medley SM4 
Revezamento 4x50m livre misto - 20 pontos 
Revezamento 4x100m livre misto - S14 
Lidia Cruz - 50m costas S4 

Goalball (1) 
Seleção masculina 

Badminton (1) 
Vitor Tavares- SH6 

Canoagem (1) 
Miqueias Rodrigues KL3 

Judô (2) 
Rosicleide Andrade até 48kg J1 
Marcelo Casanova até 90kg J2 

Halterofilismo (2) 
Lara Lima até 41kg 
Maria Fatima até 67kg 

Tênis de mesa (4) 
Bruna Alexandre - WS10 
Bruna Alexandre/Dani Rauen - WD20 
Luiz Manara/Claudio Massad - MD18 
Catia Oliveira/Joyce Oliveira- WD5 

Taekwondo até 57kg 
Silvana Fernandes (1) 

Futebol de cegos (1) 
Equipe masculina

Edição: Thalita Pires