Atualizada às 01h47
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela publicou um comunicado neste domingo (28) denunciando tentativas de intervenção no processo eleitoral e na "soberania da Venezuela". A nota foi emitida horas antes do anúncio oficial da reeleição do presidente Nicolás Maduro.
Segundo o texto, há um grupos de governos que tentam desestabilizar e "desvirtuar" o que foram as eleições venezuelanas. O documento cita argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e República Domincana como países que fazem parte do que ele chamou de "operação de intervenção". A chancelaria defendeu o sistema eleitoral do país e diz que essa é uma tentativa "infame" de repetir o que foi o Grupo de Lima.
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Na noite deste domingo, o presidente argentino, Javier Milei, disse em sua conta na rede social X (ex-Twitter) que Buenos Aires "não vai reconhecer outra fraude" e pediu que as forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular. O ex-presidente argentino Mauricio Macri também postou em suas redes um chamado para que os militares venezuelanos se engajem em golpe. Apesar de o resultado não ter sido divulgado, o empresário que governou a Argentina entre 2015 e 2019 disse que "A maioria dos venezuelanos falou alto e claro: Maduro deve deixar o poder".
"Agora as Forças Armadas Venezuelanas têm a oportunidade de ficar do lado certo da história e garantir que a vontade do povo seja respeitada. Apelamos à comunidade internacional, e especialmente aos países da região, que devem garantir o compromisso com a democracia, para não permitir que esta ditadura se perpetue ao longo do tempo", escreveu ele.
A embaixada venezuelana em Buenos Aires foi cercada por milhares de pessoas neste domingo, incentivados pelo governo Milei. A embaixadora Stella Lugo responsabilizou pessoalmente a ministra de Segurança argentina, Patrícia Bullrich, pelo ato de intimidação.
"Denuncio veementemente as ações intervencionistas irresponsáveis e o cerco à nossa embaixada em Buenos Aires", escreveu ela nas redes sociais, horas após o fechamento das urnas na Venezuela, que realizou eleições presidenciais neste domingo.
"Patrícia Bullrich viola convenções internacionais e incita ao ódio e à violência. Considero-a responsável por qualquer agressão contra a nossa embaixada, o nosso pessoal diplomático e local, e os membros das mesas de voto que ainda se encontram na embaixada. Hoje tivemos um lindo dia de eleições e você pretende obscurecê-lo."
Desde a tarde de domingo, a aglomeração havia sido incentivada pela integrante do núcleo duro do governo de extrema direita de Javier Milei, que apoia a ala da oposição venezuelana comandada pela ultraliberal Maria Corina Machado. Patrícia Bullrich compareceu ao local e postou em suas redes que esperava o anúncio oficial do pleito.
"Estamos em frente à embaixada da Venezuela aguardando o resultado das eleições junto com centenas de pessoas", escreveu ela. O governo de Milei é abertamente hostil à administração de Maduro e, em pouco meses, já acumulou uma série de incidentes diplomáticos entre os dois países.
Mas no início da noite a aglomeração havia se tornado um ruidoso cerco à representação diplomática. Veja imagens:
CNE denuncia ataque
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) denunciou neste domingo (28) um ataque ao sistema eleitoral do país durante as eleições presidenciais. O órgão afirmou que isso atrasou a divulgação dos resultados.
Os dados foram anunciados a meia noite no horário local (1h10 no horário de Brasilia). Com 80% das urnas apuradas, Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato com 51,2% dos votos contra 44,2% de Edmundo González Urrutia, da Plataforma Unitária. Os outros 8 candidatos tiveram 4,6%.
O CNE não deu detalhes, no entanto, de como foram esses ataques. A única especificação foi um ataque na transmissão dos dados das urnas para o sistema eleitoral. Ao todo, a participação foi de 59%
Edição: Rodrigo Durão Coelho