As críticas do presidente chileno, Gabriel Boric e do ex-presidente uruguaio, Pepe Mujica, ao resultado das eleições venezuelanas deste domingo (28) que elegeram NIcolás Maduro para um terceiro mandato "legitimam o discurso da direita". A avaliação é do historiador Miguel Stedile, que conversou com o Brasil de Fato na manhã desta segunda (29).
"Infelizmente o Gabriel Boric e o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica cumprem um papel muito ruim. É obvio que a Venezuela não está imune a críticas, e dentro dos limites da boa convivência os erros têm que ser apontados. Mas quando eles fazem isso, legitimam o discurso da direita".
Stedile considera que o posicionamento de Boric enquanto presidente enfraquece a integração regional. "Boric faz muito mais gol contra do que ajuda a construir esse processo de integração. Ele acaba mantendo uma linha política dos governos do Chile, independentemente se são de esquerda, de direita ou de centro, que é meio que dar as costas para a América Latina, América do Sul especialmente", disse.
O historiador também afirmou que "O Chile sempre teve uma participação muito ruim, seja na Unasul, na Celac, de pouca integração e um olhar para o pacífico. Neste caso, Boric não tem um olhar nem pro pacífico, nem pra Washington, nem pras próprias redes sociais".
O presidente chileno disse por meio de sua conta na rede social X, que os resultados anunciados são "difíceis de acreditar" e exigiu "total transparência das atas e do processo". Pediu também "que observadores internacionais não comprometidos com o governo confirmem a veracidade dos resultados". Por fim, destacou que "do Chile não reconheceremos nenhum resultado que não seja verificável".
Já o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, tornou-se notícia em fevereiro deste ano por afirmar que Nicolás Maduro pode, sim, "ser chamado de ditador".
Maduro, que representa o Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), recebeu 51,20% dos votos contra 44,2% do ex-embaixador Edmundo González Urrutia com 80% das urnas apuradas, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O mandatário terá agora mais seis anos no governo e se tornará o presidente mais longevo da história da Venezuela.
Edição: Nathallia Fonseca