Mudanças climáticas

China prevê mais ondas fortes de calor; veja como o país se prepara

Especialistas do Centro Nacional do Clima esperam temperaturas acima do normal para o verão deste ano

Brasil de Fato | Pequim (China) |
Orla do rio Liangma em Pequim - - Mauro Ramos

O Centro Nacional do Clima da China afirmou que praticamente todas as regiões do país nas últimas décadas têm visto cada vez mais dias com fortes ondas de calor, e que a tendência deverá continuar. Para lidar com essas temperaturas elevadas, desde 2002, o país tem uma série de diretrizes para fortalecer a conexão entre os alertas meteorológicos e as respostas emergenciais.

No ano passado, foram emitidos mais de 30 mil alertas de altas temperaturas na China, a maioria em julho. Mais de 2,1 mil avisos foram do tipo vermelho. Esse é o alerta mais grave, e significa que ocorrerão temperaturas de 40°C ou mais em áreas de quatro ou mais províncias dentro de um período de 48 horas. 

A pesquisadora do Centro Nacional do Clima chinês Liu Yanju afirmou ao Brasil de Fato que de acordo com o monitoramento que fazem das mudanças climáticas, a temperatura média em nível nacional continua apresentando uma tendência ascendente. Ela afirma que a frequência e intensidade de temperaturas extremamente altas têm aumentado.

“Isso significa que os eventos extremos serão mais fortes e frequentes, e a área impactada será maior”, diz a especialista.

Para o que resta do verão chinês (que dependendo da região do país vai entre o fim de agosto a setembro), espera-se que a temperatura na maioria das regiões da China seja predominantemente mais elevada do que o normal, “com temperaturas mais altas intermitentes e ondas de calor esperadas em Xinjiang, Norte da China, Sul da China e nas partes norte e sul do leste do país”, explica Liu Yanju.

“Isto afetará gravemente a vida e a produção das pessoas, a saúde física, a segurança no trânsito e as atividades ao ar livre, etc”, concluiu a pesquisadora.

O Sistema Nacional de Envio de Alertas Antecipado da China é um mecanismo que abrange unidades nacionais, provinciais, municipais e distritais. Todas elas podem usar este sistema para enviar avisos.

“Esta informação é muito útil para julgarem o nível e o estado dos riscos naquele momento, ajudando-os a definir se devem dar assistência ao público ou tomar decisões sobre outro tipo de tarefas”, explica ao Brasil de Fato, Cao Zhiyu, chefe do Serviço de Alerta Precoce que pertence ao Centro de Serviços Meteorológicos Públicos.

“Uma vez emitido um alerta neste sistema, ele pode ser transmitido por vários meios de comunicação, incluindo televisão, rádio, internet, serviço de mensagens curtas, bem como redes sociais. Se o nível de aviso for muito elevado (como um alerta vermelho de alta temperatura), ele pode ser divulgado a todo o público através de SMS”, explica Zhiyu.


Um dos 116 novos postos da cidade de Linhai, província de Zhejiang, para trabalhadores e moradores, com ar condicionado, geladeiras, bebedouros e melancias / CGTN

 

Empresas públicas e privadas também utilizam os alertas para implementar medidas de cuidado. Zhang Zhibin, vice-gerente de uma fábrica processadora de trigo da COFCO, na cidade de Dezhou, conta algumas ações que a empresa tomou durante a onda de calor no mês passado.

“Controlamos a duração do trabalho ao ar livre e evitamos trabalhar sob altas temperaturas ao meio-dia. Também montamos espaços para beber chá [e água] e banheiros diretamente no canteiro de obras”, explica o funcionário.

O Aeroporto Internacional de Xinzheng, na província de Henan, aumentou a frequência de rotação dos técnicos de manutenção. No condado de Caoxian, província de Shandong, as autoridades locais aumentaram a duração dos intervalos e determinaram a interrupção do trabalho durante períodos de calor intenso.

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho