Uma decisão monocrática do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou nesta quinta-feira (4) a suspensão imediata da greve de servidores ambientais federais, que lutam por melhores condições de trabalho.
Em caso de descumprimento, sindicatos e associações dos trabalhadores do Ibama, do ICMBio e do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) terão que pagar multa diária de R$ 200 mil.
O vice-presidente da Corte, ministro Og Fernandes, obrigou o retorno ao trabalho de 100% dos servidores. A ordem é válida para quem atua no licenciamento, unidades de conservação, resgate de animais, combate a incêndios florestais e emergências ambientais.
A decisão atende a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e foi motivada pelo “caráter essencial das atividades desempenhadas”, conforme trecho da decisão publicado pela Agência Brasil.
A AGU protocolou em nome do Ibama e do ICMBio, dois dos órgão mais afetados pelo greve, que começou em 1º de julho, após uma paralisação parcial que durava desde o início do ano.
O Brasil de Fato procurou a A Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do PECMA (Ascema), que está à frente da greve. A entidade afirmou que ainda não tem posicionamento oficial sobre a decisão.
Trabalhadores de 24 estados e Distrito Federal haviam aprovado adesão à greve. Em Pernambuco e Sergipe, a deliberação ocorrerá em assembleias marcadas para sexta-feira (5).
Desde janeiro, a mobilização resultou em queda das multas ambientais e represamento nos processos de licenciamento.
Combate a incêndios estava mantido, dizem servidores
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (3), a Ascema apontou "incoerência" no governo. "[...] o próprio presidente Lula disse: 'Nós vamos negociar com todas as categorias. Ninguém será punido neste país por fazer uma greve. Eu nasci fazendo greve. É um direito legítimo'", lembrou a Ascema.
Mesmo paralisados, os servidores afirmam manter 100% do efetivo de combate a incêndios, em função do recorde de fogo no Pantanal. Operações em desastres, como no Rio Grande do Sul, também foram mantidas.
Pelas regras da greve, a fiscalização ambiental deve atuar apenas em casos emergenciais ou de risco de vida. Já o setor de licenciamento funciona com 10% de sua capacidade, apenas para atendimentos urgentes.
A ação da AGU é direcionada à Ascema Nacional, à Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef) e ao Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Distrito Federal (Sindsep-DF).
O que querem os servidores?
O movimento grevista tem participação dos servidores do Ibama, do ICMBio e do Serviço Florestal Brasileiro (SFB).
A categoria reivindica a equiparação salarial com os técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA), que faz um trabalho análogo ao dos servidores ambientais, mas têm salários mais altos.
Outra demanda é a criação de uma gratificação para estimular agentes do Ibama e do ICMBio a ocuparem postos em áreas remotas e marcadas por conflitos violentos, cargos que sofrem com alta rotatividade e falta constante de servidores.
"A pauta central é a restruturação da carreira e a parametrização com ANA, que leve a uma equiparação salarial e uma diminuição do fosso entre analistas técnicos e auxiliares, mas também que tenham outras formas de gratificação ou indenização para esses servidores que estão constantemente em campo e constantemente em risco", explicou o presidente da Ascema Nacional, Cleberson Zavaski.
Edição: Nathallia Fonseca