Militantes e ativistas contra o genocídio palestino que ocorre na Faixa de Gaza realizaram nesta quarta-feira (3) um protesto em São Paulo pelo cancelamento de contratos firmados entre o poder público brasileiro e empresas de armas israelenses.
O ato teve início às 17h, em frente à sede do Comando Militar do Sudeste e integra o Dia Nacional pela Suspensão Definitiva dos Acordos Militares com Israel.
"Cada centavo que vai pra Israel é aplicado no massacre diário de palestinos. O rompimento busca poupar vidas das crianças, das mulheres, dos velhos palestinos. Viemos pedir ao presidente Lula que continue firme e vá até o rompimento de relações com Israel. Não basta só condenar o massacre e reconhecer o genocídio, tem que ser uma ação concreta e crucial: o embargo de armas e todo tipo de comércio com Israel", defende Mohamed El Kadri, presidente do Fórum Latino Palestino e coordenador da Frente Palestina de São Paulo.
A campanha pelo embargo militar do movimento de Boicote, Desinvestimentos e Sanções (BDS), que realizou um dia de mobilização nacional neste 3 de julho. Uma das principais exigências do movimento é a suspensão definitiva de uma compra de cerca de R$ 1 bilhão do Exército brasileiro. A força havia decidido comprar 36 viaturas blindadas de combate, conhecidas como obuseiros, da israelense Elbit Systems, uma das maiores fabricantes de armas e sistemas militares de Israel.
"Não podemos aceitar que cheguem esses 36 blindados obuseiros no Brasil manchados de sangue palestino que continua a ser derramado. Estamos aqui para pedir que isso não se consolide e por embargo militar a Israel como um paço rumo à ruptura de todas as relações econômicas, militares e diplomáticas com o estado genocida de Israel", afirma Soraya Misleh, coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino em São Paulo.
Após a revelação de que o negócio estava prestes a ser fechado, uma onda de indignação passou a pedir pelo seu cancelamento, em ação que envolveu nomes como o cantor Chico Buarque de Hollanda. A assinatura foi então suspensa por 60 dias.
Armas fabricadas pela empresa são utilizadas pelo governo israelense para atacar a Palestina, na ofensiva que já resultou na morte de cerca de 37 mil palestinos desde outubro de 2023. No processo licitatório, a israelense foi a preferida entre empresas da França, China e Eslováquia. O motivo da escolha é a existência de subsidiárias brasileiras da Elbit, que poderiam garantir o suprimento de munição e suporte logístico.
"É inaceitável que governos e empresas estejam lucrando com as transações militares de armas que são testadas diariamente nos corpos do povo palestino. É por isso que o MST está aqui também pra dizer em alto e bom som junto ao movimento BDS que chegou a hora das sanções, o governo Lula precisa se posicionar de forma efetiva. Precisamos do corte das relações diplomáticas e que se puxe uma campanha internacional pelo embargo militar a esse estado militarista, colonialista e genocida", defende Rafael Soriano, do MST.
Ao Brasil de Fato, o ministério da Defesa disse que quem responde pela compra é o Exército. Procurada, a Força disse que a suspensão de 60 dias "ocorreu devido à necessidade de realização de procedimentos internos de análise formal e jurídica da minuta do citado contrato pelo Exército Brasileiro, conforme previsto na legislação".
Nem o Ministério da Defesa ou o Exército disseram se vão em frente com a compra da empresa israelense.
Edição: Rodrigo Durão Coelho