A prisão, na última segunda-feira (3), da líder comunitária e coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) no Distrito Federal, Maria José Costa Almeida, conhecida como Zezé do MTST, tem gerado mobilizações contra a criminalização dos movimentos sociais.
Como parte das ações, grupos e coletivos de cultura popular realizam nesta sexta-feira (7), às 17h, um ato em solidariedade a Zezé na Praça Zumbi dos Palmares, em frente ao Conic, na região central de Brasília.
“Nossa companheira foi condenada e presa de forma arbitrária na frente do seu filho. Mais uma mulher, preta, periférica presa injustamente”, destacou a organização do ato.
Haverá apresentações culturais como maracatu, samba de roda, tambor de crioula, capoeira e outras intervenções culturais. “Ela é uma referência de luta e de resistência, e também uma grande liderança da cultura popular, que usa a força do tambor para a emancipação de diversas mulheres”, comenta Camila Ferreira, do grupo Sambadeiras de Roda, coletivo que Zezé também é integrante.
“O ato é para mostrar que a Zezé não está sozinha. Qualquer militante do DF conhece a trajetória de luta e resistência da companheira”, afirmou Dany Sanchez, do coletivo ‘Centro Pra Quem’.
Guacira Oliveira do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea) pontua que Zezé é uma mulher aguerrida, corajosa e lutadora. “Tive a grande oportunidade de conviver muito de perto com ela, durante quase um ano em que nós, feministas, estivemos mobilizadas, solidárias, apoiando as mulheres na Ocupação Maria da Penha, em Arapoanga, Planaltina. A baixinha Zezé se torna gigante para organizar a luta contra as injustiças, para enfrentar os machistas, os agressores de mulheres dentro e fora das ocupações, para proteger as meninas dos abusos, para exigir o cumprimento da responsabilidade do poder público com a garantia de direitos, para denunciar as violações”, destacou.
Já o militante do Movimento de Esquerda Socialista Gabriel Elias alertou para a tentativa de criminalização dos movimentos de lutas populares. “É princípio universal da esquerda, que deveria ser comum a todo mundo que defende a democracia, a solidariedade e a unidade contra as arbitrariedades do Estado. Lutar pela liberdade da Zezé é lutar pelo próprio direito de lutar por direitos”, disse Gabriel, destacando a atuação de Zezé na militância por moradia, dos movimentos negro e cultural.
Uma nota com a assinatura de mais de 80 organizações de todo o país repudia a prisão de Zezé e aponta que a ação "é mais um exemplo de criminalização de movimentos sociais". “Não podemos aceitar que, em nome da justa luta pelo direito a uma casa para morar, mais uma mulher negra faça parte das estatísticas de encarceramento do Brasil”, diz o manifesto em defesa da militante.
Entenda
A líder comunitária e coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) no Distrito Federal, Maria José Costa Almeida, conhecida como Zezé do MTST, foi presa nesta segunda-feira (3), pela Polícia Civil do DF Planaltina, após um mandado de prisão expedido pela Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
De acordo com a decisão da Justiça, Zezé foi condenada por crimes de extorsão e ameaça, que segundo sua defesa foi baseada em testemunhas, o que fortalece o argumento de que a líder comunitária foi alvo de retaliação ao seu trabalho histórico nos movimentos sociais, por direito à moradia.
Em nota, o MTST disse que o caso é um "flagrante de injustiça" e apontou que a condenação é baseada em um processo “sem provas, após denúncias frágeis que atribuíram a ela o crime de extorsão”.
“Durante o processo, foram apresentadas várias testemunhas que atestaram a inocência de Maria Zezé e nenhuma prova que apresentasse a veracidade das acusações. Mas mesmo assim houve a condenação e ontem ela foi detida em frente ao seu filho adolescente, sem que nunca fosse comprovada verdadeiramente a sua culpa”, destaca trecho da nota.
Ato de Justiça por Zezé
Quando? Sexta feira, 7 de Junho, 17 horas
Onde? Praça Zumbi dos Palmares ( Em frente ao Conic)
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Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Márcia Silva