1 milhão de hectares

Áreas de produção agropecuária foram as mais afetadas por enchentes no RS, mostram satélites

Levantamento da MapBiomas aponta que mais de 60% dos municípios gaúchos foram diretamente afetados pelos temporais

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Plantação de arroz agroecológico inundada em Viamão; MST estima perda de 200 mil sacas com as enchentes, ou cerca de 10 mil toneladas - MST-RS

Imagens de satélite analisadas pela iniciativa MapBiomas apontam que as áreas de produção agropecuária foram as mais afetadas pelas enchentes que atingem o Rio Grande do Sul nos últimos meses. A área somada, de 1 milhão de hectares, é equivalente a 20 vezes o tamanho da cidade de Porto Alegre e representa 64% do total ocupado por essas atividades no estado.

As imagens de satélite permitiram identificar pontos atingidos por deslizamentos, enxurradas, inundações e alagamentos. No total, 298 municípios (de um total de 497 no estado) tiveram ao menos 1% do território atingido diretamente pelos eventos extremos, sendo que 73 deles tiveram mais de 10% da área atingida. Duas dessas cidades – Nova Santa Rita e Canoas  – tiveram mais da metade de suas áreas atingidas (52,5% e 50,1%, respectivamente).

As pesquisas levaram em conta imagens de satélite registradas antes do início da temporada de chuvas e outras captadas depois. A MapBiomas aponta que pode haver algumas limitações devido às características das fontes de dados utilizadas, como imagens com diferentes resoluções espaciais.

Ao divulgar os dados, a MapBiomas apresentou um toolkit para apoio a gestores e técnicos que atuam nas respostas à situação emergencial. As ferramentas estão disponíveis gratuitamente clicando aqui. Os dados detalhados do levantamento estão em uma planilha disponível aqui.

Em relação às áreas urbanas, pelo menos 234 municípios foram atingidos, segundo o levantamento. O caso mais dramático é o de Eldorado do Sul, que teve 66% de sua área urbana afetada. Mampituba teve 49,5%, e Canoas, 42,4%. No caso das áreas urbanas, os dados podem estar subestimados, já que as imagens de satélite nem sempre conseguem detectar a presença de lâminas d'água em meio às edificações.

A MapBiomas envolve universidades, organizações não governamentais e empresas de tecnologia, e disponibiliza dados gratuitamente. A iniciativa alerta que eventos extremos têm sido mais frequentes no Rio Grande do Sul durante a primavera e o outono, as chamadas estações de transição.

Edição: Rodrigo Chagas