Neste sábado (1), o nível do Guaíba recuou para abaixo da cota de inundação na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre (RS). Esta é a menor marca atingida pela água do rio em um mês, desde o início das chuvas em 27 de abril, que se tornaram a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul.
Às 6h15 da manhã deste primeiro dia do mês de junho, as águas chegaram a 3,57m, segundo o Departamento de Recursos Hídricos do governo gaúcho. Assim, o Guaíba finalmente volta ao seu leito, sem transbordar.
Na última terça (28), os critérios de mensuração foram alterados pelo governo de Eduardo Leite (PSDB). Antes, o nível máximo do Guaíba antes de inundar era de 3 metros. Agora, é 3,60m. A mudança aconteceu, segundo o governo, pois o local de medição deixou de ser o Cais Mauá e passou a ser a Usina do Gasômetro.
Neste ano, as águas do Guaíba atingiram marca recorde, superando a cheia histórica de 1941, quando chegou a 4,74m. No último 5 de maio, durante um dos picos da catástrofe climática que abateu o estado, seu nível bateu 5,35m.
Mais de meio milhão de pessoas fora de casa
O recuo das águas coincide com a diminuição das famílias vivendo em abrigos. Números da Defesa Civil mostram que nas últimas 24 horas, 1.783 pessoas deixaram estes estabelecimentos. Outras 37.812 seguem abrigadas.
Além destas, outras 580.111 estão desalojadas. Isso significa que, das cerca de 2,4 milhões de pessoas afetadas pelas cheias, mais de meio milhão segue fora de suas casas.
Leptospirose
O número de desaparecidos está em 43 e as mortes nas chuvas subiu de 169 para 171, na contagem da Defesa Civil divulgada na manhã deste sábado (1). Além destas, foi confirmada a oitava vítima por leptospirose.
O Centro Estadual de Vigilância Sanitária (CEVS), da Secretaria Estadual da Saúde, informou que outras 12 mortes estão em investigação, e que ao menos 2,5 mil casos de contaminação foram notificados. Destes, 148 foram confirmados.
Porto Alegre é a cidade na qual mais casos foram informados ao estado. Depois aparecem os municípios de Canoas, Sapucaia, Novo Hamburgo e São Leopoldo, todos da região metropolitana.
Em coletiva de imprensa na última quarta-feira (29), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, informou que a projeção da pasta é de que haja até 1,6 mil casos de leptospirose no RS por conta das cheias. O número é quatro vezes maior que as contaminações que aconteceram ao longo de todo o ano passado no estado gaúcho.
Edição: José Eduardo Bernardes