SEM TRÉGUA

Ao ignorar decisão da CIJ, Israel mantém ataques a Rafah e outras regiões de Gaza

Mídia local relata ‘ataques maciços’ neste sábado (25), um dia após a Corte de Haia exigir fim imediato das operações

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Nuvem de fumaça provocada por explosão na Faixa de Gaza
Nuvem de fumaça provocada por explosão na Faixa de Gaza - Jack Guez / AFP

Um dia após a decisão proferida pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), sediada na cidade holandesa de Haia, contra as operações das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla inglês) em Rafah, ataques israelenses continuam ocorrendo em todo o território palestino neste sábado (25/05).

Segundo a emissora catari Al Jazeera, “há intensos ataques e bombardeios aéreos das forças israelenses em toda a Faixa de Gaza, apesar da decisão da CIJ”.

O veículo ainda relata a ocorrência de “ataques maciços em Rafah”, no sul do enclave, considerado o “último abrigo humanitário” para os palestinos que foram deslocados ao longo de meses, fugindo das operações militares iniciadas por Israel em 7 de outubro de 2023.

A cidade de Wadi Gaza, localizada na região central, foi um dos alvos de Tel Aviv neste sábado. A Al Jazeera relatou que israelenses usaram quadricópteros e, com disparos, mataram ao menos seis pessoas no local. O veículo explica que “palestinos desesperados por ajuda costumam se reunir em Wadi Gaza para tentar alcançar caminhões de ajuda vindos do píer da Cidade de Gaza”.

Além disso, um outro ataque aéreo perto do campo de Nuseirat também matou três civis abrigados em um apartamento residencial.

De acordo com o exército israelense, nove bombas foram lançadas em uma área urbana de Gaza e a incursão militar foi expandida em regiões próximas ao campo de refugiados de Shaboura e o Hospital Kuwaitiano.

Desde o início da intensificação dos ataques israelenses no enclave, as IDF provocaram um total de 35.903 mortes e deixaram mais de 80.420 feridos, de acordo com o relatório atualizado pelo Ministério da Saúde de Gaza neste sábado.


Palestino e seus filhos em destroços produzidos por Israel no sul de Gaza, em 22 de maio / AFP

Decisão da CIJ

Nesta sexta-feira (24/05), a CIJ anunciou uma sentença na qual exige que o Estado de Israel interrompa imediatamente as operações do seu exército na cidade de Rafah. A ofensiva militar nessa localidade teve início no começo de maio.

A medida tomada foi uma resposta à solicitação feita há uma semana pela delegação da África do Sul, em meio ao processo iniciado em janeiro passado, no qual o país africano acusa Tel Aviv de promover um genocídio contra os palestinos residentes em Gaza.

Em documento lido pelo presidente do Tribunal, Nawaf Salam, afirmou que “Israel deve suspender imediatamente a sua ofensiva militar em Rafah ou qualquer outra ação que imponha condições de vida capazes de provocar a destruição física total ou parcial da população residente na localidade”.

A CIJ também exige que Israel “tome medidas eficazes para garantir o acesso de uma comissão internacional de investigação na Faixa de Gaza, e que não imponha obstáculos à missão, que deverá apurar as denúncias sobre um possível genocídio”. O documento acrescentou que a comissão internacional deverá ser instaurada pela Organização das Nações Unidas (ONU), entidade à qual a própria CIJ faz parte.