Um ciclone no oceano torna o tempo instável em todo o Rio Grande do Sul (RS) nesta sexta-feira (24). A expectativa, de acordo com boletim da Sala de Situação da Secretaria do Meio Ambiente do RS, é de mais chuvas volumosas, com "eventual queda de granizo" e rajadas de ventos vindos do sul e sudoeste que podem chegar a 70 km/h, "deixando o mar agitado e com risco de ressaca".
As chuvas desta sexta – que atingem as regiões de Campanha, Sul, Costa Doce, Vales, Norte, Nordeste e região metropolitana de Porto Alegre –, somadas ao cenário de alagamento da capital gaúcha na quinta-feira (23), apontam que a maior tragédia climática da história do estado não está próxima do fim.
Com 63.918 pessoas em abrigos e outras 581.613 desalojadas, o Rio Grande do Sul confirmou mais dois óbitos por leptospirose. No total, são quatro desde o início das chuvas, em 27 de abril.
As mortes de dois homens de 56 e 50 anos, residentes de Cachoeirinha e Porto Alegre respectivamente, aconteceram no final de semana. Só tiveram a confirmação da causa divulgada, no entanto, após testes feitos pelo Laboratório Central do Estado (Lacen).
Outros quatro casos – em Encantado, Sapucaia, Viamão e Tramandaí – estão sendo investigados. A doença infecciosa é transmitida na água ou lama pela urina de animais como ratos.
É neste contexto de risco de contaminação pelo contato com esgoto e água suja que Porto Alegre viveu uma quinta-feira (23) com água transbordando dos bueiros.
Com o nível do Guaíba subindo e ruas que antes eram usadas como rota de passagem alagando pela primeira vez, o prefeito Sebastião Melo (MDB) fez uma coletiva de imprensa. Nela, colocou a culpa do caos na capital gaúcha no alto volume da chuva e na própria população, "que colocou lixo indevidamente na rua".
Na mesma tarde, um pedido de impeachment de Melo foi protocolado na Câmara de Vereadores.
Bairro no Vale do Taquari com risco de deslizamento
Na madrugada desta sexta-feira (24), os moradores do bairro Morro Toca dos Corvos, na cidade de Cruzeiro do Sul (RS), tiveram de ser evacuados de suas casas por risco de deslizamento de terra.
Um relatório do Grupo de Avaliação de Movimento de Massa do Rio Grande do Sul (Gamma) alertou a Defesa Civil, que por sua vez orientou as famílias a saírem do local.
Localizado no Vale do Taquari, o município de pouco menos que 12 mil habitantes teve bairros inteiros destruídos pelas chuvas. São dali 12 dos 163 mortos da tragédia e sete das 65 pessoas que seguem desaparecidas.
A previsão meteorológica é de que no sábado (25) uma massa de ar seco e de origem polar vai manter o tempo estável com sol no estado gaúcho. As chuvas, no entanto, podem retornar na terça-feira (28).
Edição: Nicolau Soares