As recentes medidas anunciadas pelo poder público para reconstrução do Rio Grande do Sul após a tragédia das chuvas são acertadas e fundamentais na avaliação de Paulo Silvino Ribeiro, professor e coordenador de projetos da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).
"Reconhecem questões de natureza imediata, a curto prazo, como, por exemplo, a política que prevê o pagamento de R$ 5.100 para todas as famílias atingidas em uma única parcela. E medidas a médio longo prazo, como a suspensão do pagamento da dívida do Estado gaúcho por três anos", destaca o professor.
O presidente Lula sancionou a suspensão da dívida que o Rio Grande do Sul tem com a União em torno de R$ 100 bilhões. A medida foi publicada no Diário Oficial da União nesta sexta-feira (17).
"Faz com que o estado, que já vinha com problemas de arrecadação e, portanto, orçamentários, tenha um fôlego para reinvestir esse valor que a princípio estava previsto para um pagamento de dívida pública", argumenta Silvino.
Os esforços e parceria de diferentes poderes e que atuam em variadas regiões vão fazer diferença para que o processo seja menos difícil, pontua o professor da FESPSP.
"É preciso pensar uma grande concertação de medidas escalonadas, complexas, que vão, portanto, sendo construídas a partir da contribuição de cada ente federado. A gente sabe que, historicamente, nos municípios e União nem sempre fluiu muito bem. Ou seja, tragédias como a que a gente lamentavelmente assiste agora requer, portanto, uma capacidade de articulação entre cada ente", explica.
Além das ações do governo federal, que incluiu também a antecipação de benefícios como o Bolsa Família, também foram anunciadas medidas do executivo estadual.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, anunciou auxílios pelo Programa Volta por Cima. O projeto deve atender as 47 mil famílias em extrema pobreza que foram atingidas pelas enchentes. Cada uma deve receber um benefício de R$ 2,5 mil. Ações para reconstrução do estado, pelo Plano Rio Grande, também foram anunciadas.
"Não dá mais para que o negacionismo paute a formulação de política pública, que recursos que estavam previstos para o enfrentamento de possíveis desastres como esse sejam exauridos, sejam diminuídos. Ou seja, é preciso, por um lado, um grande planejamento, e pelo outro, uma grande mobilização política em torno desse tema", afirma também o pesquisador.
Paulo Silvino Ribeiro critica ainda a onda de desinformação gerada que atrapalha as ações de ajuda ao Rio Grande do Sul.
"Não é de hoje que o Estado brasileiro - e porque não dizer o mundo todo - é refém do mal-caratismo dessas pessoas que usam das redes sociais ou dessa praticidade, do acesso à informação que nós temos, para desconstruir a democracia e utilizar de um momento tão doloroso para cada brasileiro, cada brasileira e sobretudo para o povo gaúcho, para fazer política, seja vilipendiando o governo federal, ou qualquer outra figura, ou qualquer outra instituição, ou outro partido, enfim, e portanto não entendendo que esse é o momento de uma grande união", ressalta.
A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta sexta-feira (17) do Central do Brasil, que está disponível no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Matheus Alves de Almeida