A luta dos professores da rede básica do estado do Ceará ganhou um novo capítulo durante a assembleia realiada no dia 19 de abril.
A professora da rede estadual Anna Karina mostrou em seu perfil no Instagram um pouco de como foi a reunião. De acordo com Karina, houve indignação porque, no dia, os professores trabalharam normalmente em suas escolas e foram informados que o credenciamento para a votação só seria realizado até as 17h. “A gente está tentando aqui garantir que quem chegou consiga pelo menos entrar para votar, seja respeitado o direito de voto”, disse.
“Chegando lá dentro tem um circo armado, duas piscinas, uma que eu voto contra o governo e outra o voto favorável ao governo. Quem está votando favorável ao governo, vota e vai embora, quem está votando contra o governo vota e fica revoltado, fica agitado querendo saber o resultado. A diretoria está isolada no meio da quadra, distante das professoras e dos professores que estão na arquibancada, isolados. É esse o quadro que a gente tem em 2024, de uma diretoria antidemocrática, antiprofessora e antiprofessor”, afirma a professora.
Alguns profissionais teriam sido barrados na votação porque a organização alegou que eles já tinham votado em assembleias realizadas no interior do estado. “Não é verdade. Não votaram ainda. Alguém votou por eles. São votações fantasmas, só pode”, acusa Anna Karina.
O professor Rafael Farias foi um dos participantes que não conseguiu votar. “Solicitamos a ata da assembleia do interior com o qual, segundo eles, nós teríamos votado. Queríamos ver a assinatura, e eles não deixaram. Simplesmente não deixaram. Foram com arrogância de sempre e, inclusive, disseram que a gente poderia estar fraudando naquele momento”, disse.
A professora Alana Freire também não conseguiu votar. Ela conta que chegou na assembleia bem antes do horário, pegou uma fila no sol e, quando chegou a hora do cadastro, o seu nome apareceu verde, dizendo que ela já havia votado no interior.
“Eu disse: ‘olha, isso é impossível. Eu trabalho em Fortaleza, sou professora de 40h, eu sequer sai da cidade nessa semana, e disseram que ‘o sistema mostra que você votou’”. Ela pediu para mostrarem a ata da assembleia do suposto voto, mas o final da assembleia de Fortaleza chegou e nada foi resolvido.
“A resposta que a gente teve foi que eles não acharam, que não tinham como procurar naquela hora, que estava no sistema. Eles disseram que votamos no interior, mas não provaram para nós, não disseram pra gente, não sabiam no sistema qual foi a assembleia que a gente havia votado, qual foi o dia. Eles não apresentaram sequer uma foto da assinatura”, diz Freire.
A professora afirma que o sentimento que ficou foi o de revolta porque “estou falando especificamente do sindicato, o qual deveria nos proteger, proteger o professor, e esse sindicato olha pra gente e diz: ‘olha, você já votou e acabou. Não vou resolver essa situação’. O nosso CPF foi usado, ou não, também não sabemos. De qualquer forma, eles foram irresponsáveis por usar nosso CPF ou por colocar no nosso CPF de forma errada, por incompetência. Foi o nosso direito de voto que foi cerceado naquele momento”.
Questionado sobre como está a categoria em relação ao sindicato, um professor que pediu desfiliação afirma: “Há um sentimento de revolta, de indignação em relação à direção da Apeoc. Há uma desilusão total por parte da maioria esmagadora dos professores, das professoras, um desencanto”.
O que dizem sindicato Apeoc e Seduc?
Entramos em contato com a Apeoc para saber mais sobre a situação. Em nota o sindicato informou que “foi realizado controle de acesso e votação para evitar que pessoas que não sejam da categoria pudessem participar. A assembleia foi realizada em 36 cidades, percorrendo todas as regiões do estado, e o controle de acesso também serviu para evitar que a mesma pessoa votasse mais de uma vez. Fizemos coleta de assinaturas e dados dos que puderam votar. Vale ainda destacar que o credenciamento para participar do encontro da Assembleia Geral em Fortaleza iniciou-se às 13h30 e seguiu normalmente até o encerramento da votação”.
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc) informa que “conduz a Mesa Setorial de Negociação, que se encontra em pleno funcionamento, formada pela administração pública e os professores, representados por sua entidade sindical. Com relação à assembleia, a Seduc não tem assento para participação”.
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Fonte: BdF Ceará
Edição: Camila Garcia