Diante da tragédia causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, que atinge mais de 1 milhão de pessoas, a discussão sobre os impactos das mudanças climáticas no Distrito Federal ganhou mais visibilidade. Para especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato DF, os desastres climáticos vão continuar, e o governo do Distrito Federal precisa investir mais na prevenção ambiental e de desastres.
Conforme a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Márcia dos Santos Seabra, a previsão é que os eventos extremos, como as ondas de calor e as fortes chuvas se intensifiquem em todo o Brasil, inclusive no Distrito Federal, em razão das mudanças climáticas. “Quando a gente fala dos extremos que estão ficando mais frequentes, não são só os extremos de chuva forte, mas também de calor extremo e secas severas também”, analisou Márcia.
Para a professora Liza Andrade, da Universidade de Brasília (UnB), que participou de um painel sobre impactos das mudanças climáticas no DF, a capital tem uma rede de drenagem “ineficiente”, e o GDF precisa investir mais e envolver a população nessa preparação. “Quando cai uma chuva forte, a gente vê isso. As tesourinhas ficam alagadas, o asfalto começa a descolar, é perigoso. Então tem que ter investimento principalmente na drenagem, porque a gente está diante dessa realidade de extremos”, defendeu Liza.
A professora da UnB citou ainda a situação do Sol Nascente, que tem uma estrutura muito precária no enfrentamento a chuvas e defendeu que o governo envolva a comunidade em todos esses processos. “Se você pegar as bacias de contenção, aquilo é um crime, porque elas recebem as águas lá no Sol Nascente na tentativa de evitar que a vazão chegue nos rios, mas, não suporta e já estamos vendo isso. Então, falta investimento e participação”, afirmou a pesquisadora.
O Brasil de Fato DF entrou em contato com a Secretaria do Meio Ambiente do GDF para saber do planejamento para situações de riscos na capital, mas a Pasta não respondeu.
Seminário sobre Extremos Climáticos
Até 9 de maio, diversos especialistas se reúnem em Brasília para o seminário “Extremos climáticos e desastres no DF”, promovido pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), no auditório do órgão. O evento iniciou na segunda-feira (6).
O Fórum de Defesa das Águas do Distrito Federal foi um parceiro do evento e o pesquisador João Carlos Machado, que integra o Fórum foi um dos mediadores do evento e chamou atenção para a necessidade de aprofundar essa discussão no DF.
“A sociedade civil tem contribuído muito com essa discussão sobre mudança climática e a necessidade da preservação. Esperamos que o poder público tenha absolvido tudo que nós fomos capazes de produzir e levar de alerta nas audiências públicas”, afirmou João Machado, referindo-se aos diversos encontros que o Fórum já realizou e que contou com a presença de representantes do GDF.
“Nós queremos intervir, queremos interferir, queremos contribuir na elaboração do zoneamento ecológico-econômico, nos planos de desenvolvimento ambiental, mobilidade urbana e no próprio orçamento do DF agora para frente”, acrescentou João Machado, destacando a importância de que as contribuições dos especialistas estejam presentes na revisão do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT).
O PDOT é a lei maior de ordenamento do território, que orienta todas as demais políticas públicas. Legislações complementares, como e deveria ser atualizado a cada 10 anos. A última grande revisão ocorreu em 2012, durante o governo Agnelo Queiroz. O líder do governo na Câmara Legislativa, Robério Negreiros (PSD), garantiu que a atualização do PDOT deve sair este ano.
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Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Márcia Silva