O número de assassinatos no campo diminuiu em 2023, mas os conflitos agrários são os maiores desde a redemocratização. Os dados são do mais recente relatório da Comissão Pastoral da Terra. O tema foi destaque do programa Central do Brasil desta segunda-feira (22), que entrevistou Carlos Lima, coordenador nacional da CPT.
Segundo Lima, o aumento dos conflitos se explica por “um campo fortemente armado” e a impunidade do agronegócio, além de um programa tímido do governo federal para a reforma agrária.
“Havia uma expectativa que houvesse um plano emergencial que pudesse garantir terra, no sentido da reforma agrária, da homologação das terras indígenas e da titulação das terras quilombolas. O governo brasileiro, após um ano e quatro meses, apresenta um programa muito tímido, que não responde imediatamente àqueles que estão sofrendo ameaças o tempo todo”, pontua Lima.
O relatório mostrou que o governo federal ocupa o terceiro lugar na lista de principais causadores de violência, atrás de fazendeiros e empresários. Para tirar o governo da lista, Lima acredita é preciso compreender que a reforma agrária é uma política do estado e da sociedade:
“Nesse momento de crise que passamos, onde não há abastecimento e reserva de alimentos, a reforma agrária poderia ser uma resposta imediata. Então essa opção [do governo federal] pelo agronegócio, esse caminho mais próximo do centrão, na verdade, vem se tornando um grande entrave para a questão da resolução agrária brasileira”.
Também cresceu em 50% a violência causada por governos estaduais. Lima afirma que o aumento da repressão foi influenciado pela extrema-direita, que atuou, nos últimos anos, para armar o campo brasileiro e obter força política nos estados:
“Há uma aliança muito forte [da extrema-direita] com as casas legislativas. Estão criando leis para criminalizar a pobreza e especialmente aqueles que lutam e se organizam para conquistar um pedaço de terra”.
A entrevista completa está disponível na edição desta segunda-feira (22) do Central do Brasil. que pode ser acessada no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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Edição: Matheus Alves de Almeida