A Venezuela confirmou nesta sexta-feira (12) que teve uma reunião com representantes do governo dos Estados Unidos para tratar da interferência estadunidense nas questões internas. A principal delas, as eleições de 2024. No encontro, o Ministérios das Relações Exteriores venezuelano voltou a dizer que rejeita a interferência norte-americana em questões internas do país sul-americano.
A reunião foi realizada em 9 de abril na Cidade do México. Em nota, a chancelaria venezuelana disse ter repassado aos representantes estadunidenses o acordo firmado em Doha sobre a suspensão das sanções e questões migratórias. Caracas disse durante o encontro que os EUA não estão cumprindo com o que foi acordado e afirmou que os representantes venezuelanos foram “enfáticos” ao rejeitar ingerências “nos assuntos internos”.
Ainda de acordo com o comunicado, a Venezuela denunciou as “ações violentas que grupos extremistas planejam e executam” no país com apoio de agências estrangeiras e disse que os venezuelanos são “unânimes” em pedir o fim das sanções econômicas. Caracas afirma que o bloqueio afeta o direito pleno à vida e a carta da ONU.
O documento do Ministério das Relações Exteriores termina afirmando que insiste no diálogo com outros países, respeitando a soberania e as leis.
Ameaça dos EUA
O encontro de delegações dos dois países se dá em um momento de ameaças do governo dos EUA pela retomada das sanções. Em outubro, depois do acordo assinado em Barbados entre governo e oposição que delimitou orientações iniciais para as eleições de 2024, os Estados Unidos suspenderam uma série de sanções a partir de licenças. A mais importante delas é a licença 44, que derruba de forma temporária o bloqueio sobre o setor petroleiro.
Essa licença vence no dia 18 de abril e, desde que a Justiça venezuelana confirmou a inabilitação da ultraliberal María Corina Machado, os EUA retomaram sanções contra setores que não são estratégicos para a Venezuela e ameaçaram retomar as medidas contra empresas petroleiras.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, chegou a dizer que o país começou a rever os alívios à Venezuela depois do anúncio do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela. Ele também afirmou que os alívios ao setor de petróleo de gás na Venezuela só serão renovados em abril se o governo venezuelano “cumprir com seus acordos”.
As eleições na Venezuela estão marcadas para 28 de julho. A data cumpre o que havia sido definido no acordo assinado em Barbados, que determinava que o pleito seria realizado no segundo semestre. Ainda segundo o documento, a Justiça revisaria as inabilitações que fossem solicitadas.
Em dezembro, María Corina Machado pediu que o TSJ analisasse a impossibilidade de ela concorrer. No final de janeiro, a Justiça publicou sua decisão, confirmando uma suspensão por 15 anos por inconsistências na declaração de bens enquanto ela era deputada.
Edição: Lucas Estanislau